segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pela Santa Missa Agradecemos Dignamente a Deus todos os seus Benefícios

A terceira dívida é a do reconhecimento pelos benefícios de que nos cumulou carinhosamente nosso DEUS. Computai todos os favores que dele tendes recebido, os bens da natureza e da graça, o corpo, a alma, os sentidos as faculdades, a saúde, a vida.
A própria vida, enfim, de seu Filho JESUS, e a morte que por nós sofreu, elevam além de qualquer medida a dívida de gratidão que temos com DEUS. Como poderemos agradecer-lhes suficientemente?
Se, duma parte, a lei da gratidão é observada mesmo pelos animais selvagens, que às vezes mudam sua ferocidade em afeição àqueles que lhes fazem bem, quanto mais deverá ser ela observada entre os homens, dotados de razão e tão prodigiosamente favorecidos pela liberalidade de DEUS!
Doutra parte, porém, nossa miséria é tão grande que não temos sequer o meio de satisfazer pelos menores benefícios recebidos de DEUS. Pois o menor de todos, provindo das mãos de tão grande Rei e acompanhado dum amor infinito, adquire um preço infinito. Infelizes que somos! Se não podemos suportar o peso de um só benefício, como poderemos arcar com o fardo de graças inumeráveis?

Sendo assim, portanto, estaremos destinados à triste contigência de viver e morrer ingratos para com nosso Benfeitor.
Consolai-vos, pois o meio de dar ações de graças suficientes ao boníssimo DEUS nos é ensinado pelo rei Davi, que, contemplando com espírito profético o divino sacrifício, confessava que só ele bastava para dar a DEUS ações de graças adequadas. Quid retribuam Domino pro omnibus quae retribuit mihi? perguntava. "Que retribuirei ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito?"
E responde: Calicem salutaris accipiam, ou, segundo outra versão:
Calicem levabo. "Elevarei ao céu o cálice do Senhor", isto é, "Oferecer-lhe-ei um sacrifício que lhe será infinitamente agradável, e com o qual, somente, satisfarei a minha dívida por tantos e tão grandes benefícios".
Acresce que este Sacrifício foi instituído pelo nosso Redentor, principalmente para este fim, quero dizer, para reconhecer a divina munificência e agradecer-lhe, e por isso chama-se Eucaristia por excelência, o que significa "ação de graças". Ele mesmo nos deu o exemplo, quando, na Última Ceia, antes de pronunciar nessa Missa as palavras da consagração, elevou os olhos ao céu e deu graças a seu PAI: Elevatis oculis in caelum, tibi gratias apens fregit.
Ó divina ação de graças, que nos descobre o fim sublime para que foi instituído este augusto Sacrifício, e nos convida a conformar-nos a nosso Chefe, a fim de que sempre, ao assistir à Santa Missa, saibamos servir-nos de tão grande tesouro, oferecendo-o em ação de graças a nosso soberado Benfeitor, e associando-nos ao Paraíso todo, à Santíssima Virgem, aos Anjos e aos Santos, que se enchem de alegria ao ver-nos render a nosso adorável DEUS, este tributo de reconhecimento!
A venerável Irmã Francisca Farnese vivia em contínuos tormentos de amor, por se ver inteiramente cumulada de benefícios divinos, sem encontrar o meio de depor tão pesado fardo, dando ao Senhor um reconhecimento suficiente. Certo dia apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, depondo-lhe nos braços o divino infante, disse-lhe: "Toma-O. Ele é teu, e saibas dele servir-te, pois com Ele pagarás todas as tuas dívidas".
Ó bem-aventurada Santa Missa, graças à qual o Filho de DEUS é depositado, não em nossos braços, mas em nossas mãos e em nosso coração! Uma criancinha nos é dada, a fim de que dela nos sirvamos, e não há dúvida de que com ela possamos solver completamente a dívida de reconhecimento que temos com DEUS. Mais ainda: se bem refletirmos, na Santa Missa damos, de certo modo, a DEUS algo mais do que Ele nos deu: pois DEUS PAI nos deu somente uma vez o seu divino FILHO, na Encarnação, enquanto nós lho damos sem cessar neste santo Sacrifício.
De modo que parece o sobrepujamos, por assim dizer, se não no próprio dom, pois maior não pode haver que o FILHO DE DEUS, mas ao menos em aparência, renovando tantas vezes o mesmo dom.
Ó grandíssimo DEUS! Ó DEUS fonte de Amor! DEUS todo Amor!
Quem dera, pudéssemos ter uma infinidade de línguas para agradecer-vos pelo incalculável tesouro que nos destes, instituindo a Santa Missa!
E vós, que fazeis? Abristes enfim os olhos para reconhecer tão preciosíssimo tesouro? Se, no passado, ele foi para vós como um Tesouro Oculto, agora, que começais a conhecê-lo, não exclamais transportados de admiração: Oh! Que admirável tesouro! Que imenso tesouro!

Fonte: As Excelências da Santa Missa

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Que Deus os abençõe.
Obrigada