Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Continuando as catequeses sobre a
Igreja, hoje gostaria de olhar para Maria como imagem e modelo da
Igreja. Faço isso retomando uma expressão do Concílio Vaticano II. Diz a
Constituição Lumen gentium: “Como já ensinava Santo Ambrósio, a Mãe de
Deus é figura da Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união
com Cristo” (n. 63).
1. Partamos do primeiro aspecto, Maria
como modelo de fé. Em que sentido Maria representa um modelo para a fé
da Igreja? Pensemos em quem era a Virgem Maria: uma moça judia, que
esperava com todo o coração a redenção do seu povo. Mas naquele coração
de jovem filha de Israel havia um segredo que ela mesma ainda não
conhecia: no desígnio do amor de Deus estava destinada a tornar-se a Mãe
do Redentor. Na Anunciação, o Mensageiro de Deus chama-a “cheia de
graça” e lhe revela este projeto. Maria responde “sim” e daquele momento
a fé de Maria recebe uma luz nova: concentra-se em Jesus, o Filho de
Deus que dela se fez carne e no qual se cumprem as promessas de toda a
história da salvação. A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel,
nela está justamente concentrado todo o caminho, toda a estrada daquele
povo que esperava a redenção, neste sentido é o modelo da fé da Igreja
que tem como centro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus.
Como Maria viveu esta fé? Viveu na
simplicidade das mil ocupações e preocupações cotidianas de toda mãe,
como fornecer o alimento, a vestimenta, cuidar da casa… Justamente esta
existência normal de Maria foi terreno onde se desenvolveu uma relação
singular e um diálogo profundo entre ela e Deus, entre ela e o seu
Filho. O “sim” de Maria, já perfeito desde o início, cresceu até o
momento da Cruz. Ali a sua maternidade se espalhou abraçando cada um de
nós, a nossa vida, para nos guiar ao seu Filho. Maria viveu sempre
imersa no mistério de Deus feito homem, como sua primeira e perfeita
discípula, meditando cada coisa no seu coração à luz do Espírito Santo,
para compreender e colocar em prática toda a vontade de Deus.
Podemos fazer-nos uma pergunta: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou a pensamos distante, muito diferente de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de escuridão, olhamos para ela como modelo de confiança em Deus, que quer sempre e somente o nosso bem? Pensemos nisso, talvez nos fará bem encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que ela tinha!
Podemos fazer-nos uma pergunta: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou a pensamos distante, muito diferente de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de escuridão, olhamos para ela como modelo de confiança em Deus, que quer sempre e somente o nosso bem? Pensemos nisso, talvez nos fará bem encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que ela tinha!
2. Vamos ao segundo aspecto: Maria
modelo de caridade. De que modo Maria é para a Igreja exemplo vivo de
amor? Pensemos em sua disponibilidade para com a prima Isabel.
Visitando-a, a Virgem Maria não lhe levou somente uma ajuda material,
também isto, mas levou Jesus, que já vivia em seu ventre. Levar Jesus
àquela casa queria dizer levar a alegria, a alegria plena. Isabel e
Zacarias estavam felizes pela gravidez que parecia impossível em sua
idade, mas é a jovem Maria que leva a eles a alegria plena, aquela que
vem de Jesus e do Espírito Santo e se exprime na caridade gratuita, no
partilhar, no ajudar, no compreender.
Nossa Senhora quer trazer também a nós o
grande presente que é Jesus e com Ele nos traz o seu amor, a sua paz, a
sua alegria. Assim é a Igreja, é como Maria: a Igreja não é um negócio,
não é uma agência humanitária, a Igreja não é uma ONG, a Igreja é
enviada a levar Cristo e o seu Evangelho a todos; não leva a si mesma –
se pequena, se grande, se forte, se frágil, a Igreja leva Jesus e deve
ser como Maria quando foi visitar Isabel. O que levava Maria? Jesus. A
Igreja leva Jesus: este é o centro da Igreja, levar Jesus! Se por
hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, aquela
seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor
de Deus, a caridade de Jesus.
Falamos de Maria, de Jesus. E nós? Nós
que somos a Igreja? Qual é o amor que levamos aos outros? É o amor de
Jesus, que partilha, que perdoa, que acompanha, ou é um amor aguado,
como se diluísse o vinho com água? É um amor forte ou frágil, tanto que
segue as simpatias, que procura um retorno, um amor interessado? Outra
pergunta: Jesus gosta do amor interessado? Não, não gosta, porque o amor
deve ser gratuito, como o seu. Como são as relações nas nossas
paróquias, nas nossas comunidades? Nós nos tratamos como irmãos e irmãs?
Ou nos julgamos, falamos mal uns dos outros, cuidamos de cada um como o
próprio jardim, ou cuidamos uns dos outros? São perguntas de caridade!
3. Brevemente um último aspecto: Maria
modelo de união com Cristo. A vida da Virgem Maria foi a vida de uma
mulher do seu povo: Maria rezava, trabalhava, ia à sinagoga… Mas cada
ação era cumprida sempre em união perfeita com Jesus. Esta união alcança
o ponto alto no Calvário: aqui Maria se une ao Filho no martírio do
coração e na oferta da vida ao Pai pela salvação da humanidade. Nossa
Senhora fez sua a dor do Filho e aceitou com Ele a vontade do Pai,
naquela obediência que dá frutos, que dá a verdadeira vitória sobre o
mal e sobre a morte.
É muito bonita esta realidade que Maria
nos ensina: ser sempre mais unidos a Jesus. Podemos perguntar-nos: nós
nos lembramos de Jesus somente quando algo não vai bem e temos
necessidade ou a nossa relação é constante, uma amizade profunda, mesmo
quando se trata de segui-Lo no caminho da cruz?
Peçamos ao Senhor que nos doe a sua
graça, a sua força, a fim de que na nossa vida e na vida de cada
comunidade eclesial reflita-se o modelo de Maria, Mãe da Igreja. Assim
seja!
Fonte: Canção Nova
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!
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