segunda-feira, 8 de maio de 2017

O Terço


"Um instrumento tradicional na recitação do Rosário é o terço. No seu uso mais superficial, reduz-se frequentemente a um simples meio para contar e registrar a sucessão das ave-marias. Mas presta-se também a exprimir simbolismo, que podem conferir maior profundidade à contemplação.

A tal respeito, a primeira coisa a notar é como o terço converge para o Crucificado, que desta forma abre e fecha o próprio itinerário da oração. Em Cristo, está centrada a vida e a oração dos crentes. Tudo parte dele, tudo tende para ele, tudo por ele, no Espírito Santo, chega ao Pai.

Como instrumento de contagem que assinala o avançar da oração, o terço evoca o caminho incessante da contemplação e da perfeição cristã. O Beato Bártolo Longo via-o também como uma "cadeia" que nos prende a Deus. Cadeia sim, mas uma doce cadeia; assim se apresenta sempre a relação com um Deus que é Pai. Cadeia "filial", que nos coloca em sintonia com Maria, a "serva do Senhor" (Lc 1,38), e, em última instância, com o próprio Cristo que, apesar de ser Deus, se fez "servo" por nosso amor (Fl 2, 27).

É bom alargar o significado simbólico do terço também à nossa relação recíproca, recordando por meio dele o vínculo de comunhão e fraternidade que a todos nos une em Cristo.

(...)

O Rosário pode ser recitado integralmente todos os dias, não faltando quem louvavelmente o faça. Acaba assim por encher de oração as jornada de tantos contemplativos, ou servir de companhia a doentes e idosos que dispõem de tempo em abundância. Mas é óbvio - e isto vale com mais forte razão ao acrescentar-se o novo ciclo dos mysteria lucis - que muitos poderão recitar apenas uma parte, segundo uma determinada ordem semanal. Essa distribuição pela semana acaba por dar às sucessivas jornadas desta uma certa "cor" espiritual, de modo análogo ao que faz a liturgia com as várias fases do ano litúrgico.

Segundo a prática corrente, a segunda e a quinta-feira são dedicadas aos "mistérios da alegria", a terça e a sexta-feira aos "mistérios da dor", a quarta-feira, o sábado e o domingo aos "mistérios da glória". Onde se podem inserir os "mistérios da luz"? Atendendo a que os mistérios gloriosos são propostos em dois dias seguidos - sábado e domingo - e que o sábado é tradicionalmente um dia de intenso caráter mariano, parece recomendável deslocar para ele a segunda meditação semanal dos mistérios gozosos, nos quais está mais acentuada a presença de Maria. E assim fica livre a quinta-feira precisamente para a meditação dos mistérios da luz."


Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!

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