segunda-feira, 1 de agosto de 2022

O perfil das novas vocações à Vida Religiosa Consagrada

Antoine Mekary | ALETEIA


Quais são as características das novas vocações à Vida Religiosa? 
Como organizar um percurso formativo que seja atualizado?

Nos últimos anos, lemos em vários artigos e livros que estudam sobre a Vida Religiosa Consagrada um mantra que se repete: estamos vivendo em um contexto social diferente, em uma mudança de época, marcada pelo frenesi da novidade e por processos intersubjetivos fragmentados. Além de uma leitura evidente da realidade, este é o contexto sociocultural no qual “nascem” as novas vocações, aqueles homens e mulheres que, depois do caminho formativo inicial, continuarão o anúncio evangélico através dos diversos carismas que estão na base das várias Congregações Religiosas.

A formação à Vida Religiosa Consagrada é um assunto muito pesquisado, mas não deve ser considerado esgotado. Em termos gerais, temos a firme convicção de que o presente e o futuro de nossa missão, dependem da formação que oferecemos às novas vocações. De fato, a formação é a chave que abre as portas para uma vida e uma missão significativas em nossas Congregações. Sem contextos formativos adequados que correspondam às necessidades atuais, o risco de nos repetir, parar e perder o senso de quem somos e o que fazemos é mais do que apenas uma hipótese de pesquisa.

Mas, quais são as características das novas vocações à Vida Religiosa? Como organizar um percurso formativo que seja atualizado? Com o objetivo de dar algumas indicações práticas a estas perguntas, com o apoio da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB – núcleo Paraná), desenvolvemos uma pesquisa empírica na qual foram convidados a participar formandos e formadores de diversos contextos formativos. Participaram da nossa pesquisa 138 formandos e 27 formadores, de todo o ciclo da formação inicial, do postulantado ao juniorato, daqueles que haviam apenas entrado na formação inicial até aqueles formandos que estavam prestes a entrar na formação permanente. Isso nos permitiu compreender e analisar as principais mudanças formativas que ocorrem no arco da formação inicial.

Ao longo de dois anos, foram feitas publicações comunicando os resultados, dos quais consideraremos quatro pontos de reflexão (Sanagiotto, 2022):

(a) a análise sociodemográficas de onde “nascem” as vocações (Sanagiotto, 2020): as vocações que batem as portas dos nossos conventos/seminários são jovens/adultos (64% com até 21 anos de idade), porém a média de idade cresce gradativamente, sendo que nos contextos formativos temos a presença de vocações com significativa diferença de idade e etapas do desenvolvimento humano;

(b) o estudo do perfil psicológico das novas vocações (Sanagiotto & Crea, 2021): de maneira geral, os formandos se descrevem com um olhar positivo sobre si mesmos, poderíamos dizer, com um forte idealismo. Isso pode representar um ponto de fraqueza, no sentido da falta de um conhecimento integral de si mesmo, principalmente que faça referência à realidade. Pode, também, ser considerado como um ponto forte, no qual tal idealismo poderá ser usado como um recurso formativo motivacional;

(c) a importância da formação a maturidade afetiva (Sanagiotto & Pacciolla, 2020): no que diz respeito a afetividade, os formandos dizem que aceitam o celibato com naturalidade e se consideram sexualmente equilibrados. Quando perguntamos sobre os aspectos relacionais da afetividade, uma grande porcentagem encontra algum tipo de dificuldade. Uma análise mais aprofundada do argumento nos indicou que falar sobre afetividade e sexualidade não é algo que flui naturalmente nos contextos formativos, realidade essa que contribui para uma autopercepção inflada, porque, se tudo está bem, então não precisamos nos deter nesse assunto

(d) a proposta de um itinerário para o discernimento vocacional (Crea & Sanagiotto, 2022): diante dos resultados da nossa pesquisa, nos perguntamos como discernir a caminhada vocacional das novas gerações. 
O discernimento vocacional foi estudado em três perspectivas: 
a) o interesse do formador pela caminhada vocacional dos formandos; 
b) a clareza dos critérios que orientam o discernimento vocacional; 
c) a capacidade de tomar decisões sobre a caminhada vocacional dos formandos.

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!

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