Todos os calendários litúrgicos orientais incluem esta Festa. No ano litúrgico, que se desenvolve segundo a narração cronológica dos fatos evangélicos, o relato do "morticínio dos inocentes" (Mt 2, 13-18) encontrou sua posição lógica ao lado do mistério do Natal. A Festa e o culto dos Santos Inocentes, que "confessaram a Cristo não com a palavra mas com a morte", lembram-nos que o martírio, antes de ser uma homenagem do homem a seu Deus, é uma graça, um dom gratuito do Senhor. Louvar a Deus pelo sangue de crianças inocentes deixa de parecer um absurdo para quem sabe contemplar na fé o Cordeiro, Jesus Cristo, vencedor de todo mal.
Os primeiros capítulos do Evangelho de Mateus sublinham um de seus temas principais: apresentar Cristo como o novo Moisés, que tem o direito de discutir a lei e dispensar dela os seus discípulos. Por isto, Mateus escolhe as tradições da infância de Jesus que estabelecem um paralelo entre ele e Moisés. O nascimento de ambos coincide com um morticínio de meninos hebreus (Ex 1, 8-20 e Mt 2, 13-18), ambos vão ao Egito (Ex 3, 10 e Mt 2, 13-14), ambos realizam a palavra: "do Egito chamei meu filho" (Mt 2, 15; Os 11, 1; Ex 12, 37-42). A narração de Mateus não põe a tônica no morticínio em si, porém antes na vocação do novo Moisés, já delineada pelos acontecimentos de sua infância.
Liturgia
Leitura Jo 1, 5-2, 2
Leitura da Primeira Carta de são João
Caríssimos, a mensagem, que ouvimos de Jesus Cristo e vos anunciamos, é esta: Deus é luz e nele não há trevas. Se dissermos que estamos em comunhão com ele, mas andamos nas trevas, estamos mentindo e não nos guiamos pela verdade. Mas, se andamos na luz, como ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de seu Filho Jesus nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós. Se reconhecermos nossos pecados, então Deus se mostra fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda culpa. Se dissermos que nunca pecamos, fazemos dele um mentiroso e sua palavra não está dentro de nós. Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro.
Palavra do Senhor.
Graças a Deus.
Salmo 123 (124)
R. Nossa alma como um pássaro escapou
do laço que lhe armara o caçador.
- Se o Senhor não tivesse ao nosso lado,
quando os homens investiram contra nós,
com certeza nos teriam devorado
no furor de sua ira contra nós. R.
- Então as águas nos teriam submergido,
a correnteza nos teria arrastado,
e então, por sobre nós teriam passado
essas águas sempre mais impetuosas. R.
- O laço arrebentou-se de repente,
e assim nós conseguimos libertar-nos.
O nosso auxílio está no nome do Senhor,
do Senhor que fez o céu e fez a terra! R.
Evangelho Mt 2, 13-18
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: "Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo". José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. Ali ficou até à morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: "Do Egito chamei meu Filho". Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: "Ouvi-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais".
Palavra da Salvação.
Glória a vos, Senhor.
Fonte: Missal Cotidiano
Santos Inocentes, rogai por nós!