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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

INDULGÊNCIA PLENÁRIA PARA AS ALMAS DO PURGATÓRIO!

 

Aprendendo a Ser Católica

Fonte: Manual das Indulgências

Nossa Senhora, Mãe da Misericórida, rogai por nós!

Que oração você reza no cemitério?

Anastasija Vujic | Shutterstock


Há uma série de orações que você pode fazer ao visitar um cemitério; 
veja estas duas sugestões

Ao visitar uma sepultura, é mais apropriado fazer uma pequena oração no cemitério. 
Devemos pedir a Deus que conceda o descanso aos nossos entes queridos.

A oração mais comum em um cemitério é a prece do “Descanso Eterno”:

“Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso
Entre os esplendores da luz perpétua.
Descansem em paz. Amém.”

Também se pode rezar a oração de Santa Gertrudes pelas almas do purgatório:

“Eterno Pai, Ofereço-Vos o Preciosíssimo Sangue de Vosso Divino Filho Jesus, 
em união com todas as Missas que hoje são celebradas em todo o mundo; 
por todas as Santas almas do purgatório, 
pelos pecadores de todos os lugares, 
pelos pecadores de toda a Igreja,
 pelos de minha casa e de meus vizinhos. 
Amém.”

Além dessas preces, uma simples Ave-Maria também pode ser rezada em um cemitério. 
Outra sugestão é rezar um Terço.

Enfim, não há a oração “certa” para rezar em um cemitério. 
O importante é rezar pelo repouso das almas, e pedir a Deus que tenha piedade delas.

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!

domingo, 30 de outubro de 2022

Finados: envie suas intenções de oração para 550 mosteiros



A Aleteia uniu-se em rede com 550 mosteiros para levar ao altar suas intenções de oração por seus familiares e entes queridos falecidos


No dia 2 de Novembro, a Igreja celebra o Dia de Finados, uma ocasião sempre especial para rezar por nossos familiares e entes queridos falecidos.

Graças à colaboração da Fundação DeClausura, Aleteia está a fazer desta ocasião um momento de comunhão e consolo espiritual para pessoas de todo o mundo: envie agora as suas intenções de oração para as comunidades monásticas da Igreja Católica.

Os 550 mosteiros e conventos da nossa rede de oração disponibilizaram-se para colocar as suas intenções de oração no altar na Missa de Finados

Religiosos e religiosas do mundo inteiro rezarão por seus entes queridos falecidos.

Para enviar a sua intenção, basta preencher este formulário:


Você receberá uma confirmação da recepção pelos mosteiros contemplativos masculinos e femininos, que dedicam suas vidas ao Senhor, colocando diante Dele as suas intenções de oração.


Fonte: Aletéia

Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Rosário: nossa ligação direta com Jesus e Maria

Shutterstock | Maria Marganingsih

A oração do Santo Rosário é a que mais nos aproxima de Nossa Senhora e também da Santíssima Trindade. 
Saiba como viver essa experiência

A oração do Santo Rosário é a que mais nos aproxima de Nossa Senhora e também da Santíssima Trindade.

Se durante o Antigo Testamento Deus revelou sua palavra através dos profetas, o Novo Testamento nos traz o próprio Verbo Encarnado. E para esta missão, Deus não falou através dos profetas, mas contou com o “Sim” daquela que foi concebida sem pecado. Maria, a jovem prometida em casamento a José.

Foi a ela que o anjo revelou o plano de Deus: 

“Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus” 
(Lucas 1, 31)

Ali se realizou um dos grandes mistérios da nossa fé: 

“o Verbo se fez carne e habitou entre nós” 
(João 1, 14).

“Bendita é tu”

Grandeza que foi reconhecida por Isabel, quando saudou Maria dizendo: 

“Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre” 
(Lucas 1, 42).

A oração da Ave-Maria é uma saudação àquela que foi concebida sem pecado e que, acima de tudo, serviu à Deus com amor e confiança. E honrando a mãe, honramos também o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Ela que foi o maior exemplo de humildade, encontrou graça diante de Deus e colaborou com Ele na redenção dos homens, através de Jesus Cristo.

Ela, que foi coberta pela sobra do Espírito Santo, tornou-se o primeiro tabernáculo de Jesus.

E essa verdade de fé pode parecer de difícil compreensão, mas o Deus Todo Poderoso, quis se fazer um de nós, e assumiu em tudo, menos no pecado, a condição humana. Durante sua infância e até iniciar a vida pública, Jesus foi criado e educado por sua mãe. O Deus feito homem lhe foi obediente, tanto que seu primeiro milagre narrado no Evangelho de São João só se realizou pela intervenção dela (João 2, 1-12).

Um pedido de Nossa Senhora

Quando rezamos o Rosário, estamos atendendo o pedido que Nossa Senhora nos faz em suas aparições: quer a conversão do mundo através da oração, da penitência. E quando meditamos os mistérios, contemplamos a vida de nosso Salvador.

Nos mistérios Gozozos, o grande mistério da anunciação, o anúncio da chegada do Senhor, através da visita de Maria a Isabel, depois o nascimento de Jesus na gruta de Belém, a apresentação de Jesus e Maria no templo, obedecendo aos preceitos da lei, e a perda e o encontro do menino Jesus entre os doutores da lei.

Nos mistérios Luminosos, podemos refletir sobre o batismo de Jesus, o primeiro milagre realizado nas bodas de Caná, o anuncio do Reino, a transfiguração no monte Tabor, e a última ceia, quando Jesus institui a Eucaristia.

Os mistérios Dolorosos nos fazem meditar todo o sofrimento e a paixão de Nosso Senhor: a agonia no jardim das oliveiras, a prisão e os açoites sofridos, a coroação de espinhos, o longo caminho carregando a cruz até o Calvário e a morte na cruz.

E, por fim, os mistérios Gloriosos, quando Jesus mostra que é mais forte que a morte. Ele venceu o pecado e ressuscitou para em seguida subir ao céu. E de lá, ao lado de Deus Pai, nos envia o Espírito Santo. E Maria, sua mãe é elevada ao céu e coroada como a Rainha de todos os santos e anjos.

Caminho para Jesus e Maria

É assim que o Rosário nos faz visitar a vida de Jesus, honrando Maria, sua mãe e também nossa mãe, nossa intercessora, nossa medianeira.

Que tal rezar o Rosário e viver em união com Nossa Senhora e a Santíssima Trindade? 
Faça essa experiência e viva a graça de ter uma ligação direta com a nossa mãe!

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora do Santíssimo Rosário, rogai por nós!

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Beata Mártir Benigna, Heroína da Castidade, Primeira Beata do Ceará

A imagem oficial da primeira Beata do Ceará, a Mártir Benigna 


Biografia

Benigna Cardoso da Silva, nascida no Sítio Oiti – Santana do Cariri-CE, no dia 15 de outubro de 1928, filha de José Cardoso da Silva e Thereza Maria da Silva, ficou órfã de pai e mãe muito cedo, sendo adotada juntamente com seus irmãos mais velhos pela família “Sisnando Leite”, proprietária do Oiti dos Cirineus, no distrito de Inhumas.

Sua infância foi cercada pela alegria das inocentes brincadeiras com cantigas de roda, bonecas, casinha, piqueniques, passeios etc., ao lado de suas irmãs de criação Tetê e Irani, que ainda vivem. Benigna gostava muito de uma cantiga de roda que dizia mais ou menos assim: “Carneirinho, carneirão, neirão, neirão, olhai pro céu, olhai pro céu, pro céu, pro céu, para ver Nosso Senhor, Senhor, Senhor, e todos se ajoelharem…”

Era uma jovem muito simples e cheia de humildade. De estatura média, Benigna era magra, de cabelos e olhos castanhos meio ondulados, morena clara, rosto arredondado e queixo afinado. Tinha um leve estrabismo em um dos olhos.

Modesta por natureza, tímida, reservada e meditativa, não usava vestidos sem mangas, curtos nem com decotes. Sua generosidade, carisma e simpatia a fazia querida e cativada por familiares, amigos e conhecidos, tornando-se um modelo de juventude para época.

Em casa, desenvolvia bem todas as tarefas domésticas, com intuito de ajudar sua família adotiva. Era boa filha, sempre obediente e prestativa.

Extremamente religiosa e temente a Deus, nutria um grande desejo de fazer a Primeira Eucaristia, e depois desse sonho realizado, seguia à risca os mandamentos divinos. Não perdia as missas e fazia penitência nas primeiras sextas-feiras em devoção ao Sagrado Coração de Jesus, sempre na companhia de sua “madrinha Ozinha” e da “Tia Bezinha.” Era assídua na participação eucarística.

Aos 12 anos de idade, já lendo e escrevendo, Benigna começou a ser assediada por um rapaz chamado Raul Alves com propostas de namoro, rejeitadas de forma categórica por ela, que nada queria com ele a esse respeito. Depois de várias tentativas sem sucesso, numa tarde fatídica de sexta-feira, dia 24 de outubro de 1941, sabendo que Benigna ia pegar água numa cacimba próxima à sua casa, ficou Raul à espreita atrás do mato, observando-a com o pote na cabeça, com seus recém completados 13 anos. Ao aproximar-se, abordou-a sexualmente. Ela recusou, ele insistiu tentando violentá-la. Ela disse “não” com veemência e lutou heroicamente para se defender do ato pecaminoso, que no seu entender cristão ofenderia seu corpo.

Raul, ao perceber que Benigna nada aceitaria com o mesmo, foi tomado por um ódio feroz; sacou de um facão atroz e a golpeou cortando-lhe os dedos da mão. Ela relutou de forma sobre-humana contra seu algoz, preferindo morrer a pecar contra a castidade. Depois disso, foi atingida na testa, nas costas e por fim no pescoço, cujo golpe deixou-lhe a cabeça quase decepada.

Ao vê-la morta, com o corpo estendido sobre as pedras e o sangue inocente se esvaindo pelo chão, Raul foge, sendo o corpo da vítima encontrado logo em seguida já sem vida.

Seu corpo foi sepultado na manhã do sábado, no Cemitério Público São Miguel, em Santana do Cariri-CE, acompanhado de comoção geral. Os requintes de crueldade do bárbaro crime abalou todo o Município. Desde essa data, começaram as visitas ao túmulo e ao local do martírio até o tempo presente. As rogativas feitas à “Santa de Inhumas”, assim como as promessas são geradoras de graças alcançadas por intercessão dessa memorável jovem , que é tida por todos como “santa” e “Heroína da Castidade”.

"Benigna, em vida, foi vista como uma pessoa santa
Era muito dedicada aos estudos - era a primeira da classe, caridosa, amante da natureza e dos animais, extremamente religiosa, com assídua participação na Eucaristia aos domingos
Recebeu de presente uma bíblia do pároco na época que virou livro de cabeceira: ela lia as histórias e trazia para a sua vida como reflexão, transmitindo aos amigos e sendo até catequista por ensinar a Palavra de Deus
também nutria devoção especial a Nossa Senhora do Carmo a quem sempre invocava para a livrar do inferno
Aos 12 anos, começou a ser assediada por um rapaz chamado Raimundo Raul Alves Ribeiro que sempre rejeitou. 
Após várias tentativas de aproximação, ele armou uma emboscada por volta das 16h de 24 de outubro de 1941 após chegar da escola e quando ia buscar água próxima de casa: ele a abordou sexualmente. Ela rejeitou por ver no ato uma ofensa a Deus e, em consequência, ele a golpeou várias vezes com facão, tirando a sua vida. Desde então, ela é invocada como mártir, heroína da castidade, mártir da pureza." 
(Danilo Sobreira, coordenador de Pastoral da Paróquia Senhora Sant'Ana de Santana do Cariri)


A devoção à Menina Benigna

Espontaneamente - e por muitas décadas - as pessoas iam até o local onde ela foi assassinada para rezar e pedir a sua intercessão, acender velas e colocar flores. O local do martírio foi marcado na época com uma cruz fincada no chão, que depois se tornou um monumento. Em 2004, um grupo de leigos provenientes de Natal-RN decidiram, então, celebrar uma missa na data e no local do martírio em Santana do Cariri. Mas, como o local é de difícil acesso e de propriedade privada, o povo construiu próximo dali uma capela, construída de pedra cariri, em 2005.

A partir daí as romarias começaram a ser promovidas, cresceram e ganharam mais importância quando a Igreja assumiu a causa em 2013, tendo início o processo diocesano para a beatificação. Já em 2019, o público estimado na romaria chegou a 30 mil pessoas. Para 2022, então, a cidade espera receber - sobretudo pela cerimônia de beatificação - cerca de 60 mil pessoas.

Em 3 de outubro de 2019, o Papa Francisco autorizou a beatificação da menina morta, abrindo caminho para a canonização no Vaticano.

Lutou como uma garota

Aos 13 anos, o machismo martirizou Benigna. Enquanto a Igreja autorizou a beatificação da menina morta, em outubro de 2019, "santa" ela já é desde 1941 no povoado de Inhumas

Com todas as forças, aos 13 anos de idade, Benigna lutou como uma garota. Foi depois de ser covardemente emboscada por um homem que tentou violentá-la. Seu corpo era seu e ponto. Mas conta a história, entre os moradores no distrito de Inhumas, em Santana do Cariri, que mesmo tendo dito a Raul Alves (inúmeras vezes) que não queria namorá-lo, o rapaz embruteceu na recusa. O machismo se incomoda com o não.

Raul Alves se materializou em misoginia. Espreitou Benigna e a perseguiu pelo caminho usado pela menina para ir buscar água em um poço. Facão na mão e diante de mais um desaceito da órfã de pai e mãe, Raul acabou reforçando a pecha de que todo homem é um abusador em potencial.

Benigna não imaginava que não aceitar compartilhar afetos com um homem despertaria violência tamanha. Antes, havia sido assediada. Os moradores mais antigos de Inhumas contam que o rapaz era um sujeito como outro qualquer: "normal". E por isso, ninguém acreditava que ele fosse capaz de tentar estuprar e matar uma garota.

Quando começaram os assédios, a adolescente procurou o padre Christiano Coêlho para se socorrer das perseguições de Raul. O vigário teria orientado que ela fosse estudar em Santana do Cariri. Como a palavra de uma garota no sertão do Ceará, há 78 anos, valia quase nada e ser "macho" era a convenção, ninguém foi ao delegado nem ao juiz.

O assassino foi preso, pagou pelo seu crime e, arrependido, voltou ao local 50 anos depois para chorar, elevar preces e pedir perdão a Benigna. Neste retorno, relatou sua mudança de vida, sua conversão ao cristianismo. Fez penitências para salvar sua alma, e pedindo a intercessão de Benigna, alcançou graças sempre recorrendo à sua inocente vítima, a quem sempre rogava nas horas de aflição. Segundo ele, seu ato foi de loucura e “ela se mostrou virtuosa, quando resistiu para não pecar e não apenas para ver se escaparia.”

Em documento da igreja, há quase oito décadas, o padre Chistiano escreveu: 

"Morreu martirizada às 4 horas da tarde, do dia 24 de outubro de 1941, no Sítio Oiti, heroína da castidade. 
Que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da província. 
São os votos que desejo a nossa santinha".

A relação entre mulheres e homens, em Inhumas, não tomou outro rumo depois do assassinato de Benigna. Porém, o martírio da mocinha acabou santificando-a no povoado. Mesmo sem o aval da igreja católica, o túmulo, o local da última agonia, o vestido vermelho de bolinhas brancas, o pote, a rodilha e até a água do poço viraram relicários da menina santa do mato. "De 1942 para 1943, as pessoas começaram a vir pagar promessas por graças alcançadas pela intercessão de Benigna", religa Maria da Penha Pereira, da Comissão de Beatificação e coordenadora do Memorial da garota.

Até 2009, as missas e as manifestações de fé dos devotos de Benigna eram ignoradas pela Diocese do Crato. Porém, em 2010, dom Fernando Panico foi a Inhumas e determinou a instalação de uma comissão diocesana para dar início ao processo de beatificação.

Não era para menos. Maria da Penha afirma que na última romaria dedicada à Menina, em outubro do ano passado, pelo menos 30 mil fieis se encontraram para celebrar a memória de Benigna. No Vaticano, ela virou Serva de Deus e, neste mês de outubro, o Papa Francisco ordenou a beatificação. Em Inhumas, ela já havia sido santificada.

ROMARIAS. As romarias pela Menina Benigna ocorrem em 15 de outubro, data do nascimento da garota (1928), e em 24 de outubro, dia do martírio (1941).


Beata Benigna, rogai por nós!

sábado, 22 de outubro de 2022

O monge cego e paralítico que compôs uma das orações mais conhecidas da Igreja

Th. Fink Veringen | CC BY-SA 4.0

Ele nasceu com paralisia cerebral, espinha bífida e uma mente brilhante

Deus costuma usar instrumentos frágeis para alcançar um bem maior. Foi o caso do beato Hermann von Reichenau (Hermano Contracto).

Hermann nasceu com fenda palatina, paralisia cerebral e espinha bífida. A infância dele foi extremamente difícil, mas seus pais sempre quiseram o melhor para ele. Aos sete anos de idade, o colocaram em um mosteiro beneditino, onde ele seria educado e criado.

Hermann, então, cresceu no mosteiro e, rapidamente, descobriu que, apesar de seu corpo estar paralisado, sua mente funcionava extraordinariamente bem. Ele se transformou em um estudioso da astronomia, teologia, matemática, história e poesia. Também era um mestre dos idiomas e chegou a falar árabe, grego e latim.

Mas era ainda mais notável na sua gentil disposição e na sua devota vida interior. Tinha uma grande alegria e, apesar dos seus defeitos físicos, sempre sorria.

Mais tarde, ficou cego. Foi então quando começou a compor. Sua mente e seu coração estavam ardendo com o amor de Deus, o que o inspirou a criar alguns dos hinos e orações mais conhecidos de todos os tempos.

Em particular, Hermann compôs a sempre popular Salve Regina (Salve-Rainha) e Alma Redemptoris Mater (Mãe Amorosa do Redentor). Ambas estão na Liturgia das Horas da Igreja. A Salve-Rainha, particularmente, é uma das orações marianas mais conhecidas da Igreja Católica.

Parece que, depois que conhecemos a história do beato Hermann, essas orações ficam ainda mais bonitas, né? Elas nos lembram o poder da fé e que não importam os sofrimentos que temos que suportar, pois sempre poderemos louvar a Deus e dar-lhe graças pelas coisas maravilhosas que Ele faz por nós.


A Salve-Rainha em latim


Salve, Regina, mater misericordiae!

Vita, dulcedo et spes nostra, salve!

Ad te clamamus, exsules filii Evae.

Ad te suspiramus, gementes et flentes

in hac lacrimarum valle.

Eia, ergo, advocata nostra,

illos tuos misericordes oculos

ad nos converte.

Et Iesum, benedictum fructum ventris tui,

nobis post hoc exsilium ostende.

O clemens! O pia! O dulcis Virgo Maria.

Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix,

ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Amen.


A Salve-Rainha em português


Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia!

Vida, doçura e esperança nossa, salve!

A vós bradamos, os degredados filhos de Eva;

a vós suspiramos, gemendo e chorando

neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa,

Esses vossos olhos misericordiosos

a nós volvei

e, depois desse desterro,

mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre.

Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce Virgem Maria!

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,

para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Amém.

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora, rogai por nós!

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Lula: Carta Pública ao Povo Evangélico

Aprendendo a ser Católica
Imagem: Bandeira do Brasil ao fundo e a frente a Urna Eleitoral com o Brasão da Igreja Católica

Em carta a evangélicos, Lula critica uso eleitoral da fé e diz ser contra aborto; leia íntegra

Meus Amigos e Minhas Amigas, nesta reta final do segundo turno, decidi escrever esta Carta Pública ao Povo Evangélico.

A grande maioria dos brasileiros e brasileiras que viveram os oito anos em que fui Presidente da República, sabe que mantive o mais absoluto respeito pelas liberdades coletivas e individuais, particularmente pela Liberdade Religiosa.

Como todos devem se lembrar, no período de meu governo, tivemos a honra de assinar leis e decretos que reforçaram a plena liberdade religiosa. Destaco a Reforma do Código Civil assegurando a Liberdade Religiosa no Brasil, o Decreto que criou o dia dedicado à Marcha para Jesus e ainda o Dia Nacional dos Evangélicos.

Mantenho o mesmo respeito e o mesmo compromisso que me motivou a apoiar essas conquistas do povo evangélico.

E o nosso Povo sabe também que cuidei, com especial carinho, dos mais pobres e injustiçados e assim, sob as Bênçãos de Deus, meu governo contribuiu para melhorar a vida de milhões de famílias brasileiras. Sempre penso, neste sentido, no trecho bíblico que diz: “a verdadeira religião é cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades…” (Tiago, 1,27)

Vivemos, entretanto, um período em que mentiras passaram a ser usadas intensamente com o objetivo de provocar medo nas pessoas de boa fé, e afastá-las do apoio a uma Candidatura que justamente mais as defende. Por isso senti a necessidade de reafirmar meu compromisso com a liberdade de culto e de religião em nosso País.

Todos sabem que nunca houve qualquer risco ao funcionamento das Igrejas enquanto fui Presidente. Pelo contrário! Com a prosperidade que ajudamos a construir, foi no nosso Governo que as Igrejas mais cresceram, principalmente as Evangélicas, sem qualquer impedimento e até tiveram condições de enviar missionários para outros países.

Não há por que acreditar que agora seria diferente. Posso lhes assegurar, portanto, que meu Governo não adotará quaisquer atitudes que firam a liberdade de Culto e de Pregação ou criem obstáculos ao livre funcionamento dos Templos.

Envio-lhes esta mensagem, portanto, em respeito à Verdade e ao apreço que tenho a esse Povo crente no Verdadeiro Deus da Misericórdia e a seus dedicados pastores e pastoras.

Se Deus e o povo brasileiro permitirem que eu seja eleito, além de manter esses direitos, vou estimular sempre mais a parceria com as Igrejas no cuidado com a vida das pessoas e das famílias brasileiras.

Sei muito bem que em todas as regiões do Brasil há Igrejas com Irmãos e Irmãs que trabalham ativamente nas suas comunidades com a propagação do Evangelho e com o cuidado do povo, dedicando-se a tornar mais leve os fardos espiritual e social de milhões de pessoas.

Declaro meu respeito e minha admiração pela fé, dedicação e amor com que os evangélicos realizam sua missão, seja na área da difusão do evangelho, seja na área da assistência social, proteção da infância, da juventude, das mulheres, dos idosos e das pessoas com deficiência. Da mesma forma é bem-vinda a participação de Evangélicos nas diversas formas de participação social no Governo, como Conselhos Setoriais e Conferências Públicas.

Em meio a este triste escândalo do uso da Fé para fins eleitorais, assumo com vocês este compromisso: meu Governo jamais vai usar símbolos de sua Fé para fins político-partidários, respeitando as leis e as tradições que separam o Estado da Igreja, para que não haja interferência política na prática da Fé.

Esse é um ensinamento que a própria Bíblia nos dá: andar pelo caminho da Paz com todos. Jesus nos mostra que a casa dividida não prospera. A religião é para ser respeitada e vivida de acordo com a livre escolha de cada pessoa.

Portanto, a tentativa de uso político da fé para dividir os brasileiros não ajuda ninguém, nem ao Estado, nem às igrejas, porque afasta as Pessoas da mensagem do Evangelho. Jesus Cristo nos ensinou Liberdade e paz, respeito e união, disso precisamos. E os cristãos evangélicos têm dado mostras, ao longo da História, de seu compromisso com a paz, seguindo o que Jesus ensinou: “Dai a César o que é de César, dai a Deus o que é de Deus” (Mateus, 22,21).

Outro compromisso que assumo: fortalecer as famílias para que os nossos jovens sejam mantidos longe das drogas. Nós queremos nossa Juventude na escola, na iniciação profissional, realizando atividades esportivas e culturais para que tenham mais oportunidades e exerçam cidadania de forma produtiva, saudável e plena.

O respeito à família sempre foi um valor central na minha vida, que se reflete no profundo amor que dedico à minha esposa, aos meus filhos e netos. Por isso compreendo o lugar central que a família ocupa na fé cristã.

Também entendo que o lar e a orientação dos pais são fundamentais na educação de seus filhos, cabendo à escola apoiá-los dialogando e respeitando os valores das famílias, sem a interferência do Estado.

A preocupação com as Famílias Brasileiras deve ser integral. O povo brasileiro está numa condição de desespero, e precisaremos muito da ajuda das Igrejas para, o quanto antes, reverter esta situação. De nada adianta se dizer defensor da Família e ao mesmo tempo destruí-las pela miséria, pelo desemprego, pelo corte das políticas sociais e de moradia popular.

Queremos dar às famílias, prosperidade e segurança. O Lar é a garantia de proteção. É inaceitável que milhões de brasileiros e brasileiras não tenham um teto. Por isso, vamos retomar o vitorioso programa Minha Casa Minha Vida, com toda intensidade, para que todas as Famílias brasileiras tenham uma casa onde possam viver com segurança e dignidade.

Nosso governo implementará políticas públicas consistentes para que nenhuma família brasileira enfrente o flagelo da fome. Sobretudo, não pouparei esforços para que possam adquirir os necessários e suficientes meios, para viver dignamente por seu trabalho, sem ter que depender da ajuda do Estado.

Nosso Projeto de Governo tem compromisso com a Vida plena em todas as suas fases. Para mim a vida é sagrada, obra das mãos do Criador e meu compromisso sempre foi e será com sua proteção. Sou pessoalmente contra o aborto e lembro a todos e todas que este não é um tema a ser decidido pelo Presidente da República e sim pelo Congresso Nacional.

Meus Queridos e Minhas Queridas, peço que recebam essas palavras como uma demonstração de meu desejo sincero de servir, de ajudar e trabalhar pelo bem de nosso país. E estejam certos de minha estima e meu compromisso com todo o povo cristão de nosso país. Reitero meu compromisso, que é o mesmo de vocês: paz, união e fraternidade entre todos os brasileiros e brasileiras.

Com as bênçãos de Deus, haveremos de honrar nossa dupla condição, de cidadãos e cristãos, pois não há contradição entre elas quando o propósito é servir, buscando a paz e o entendimento. E digo tudo isso com muito amor pelo nosso querido Brasil e pelo Povo Brasileiro: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes Amor uns pelos outros!” (João,13,35).

JUNTOS PELO BRASIL!

Luiz Inácio Lula da Silva
São Paulo, 19 de outubro de 2022

Fonte: O Povo 

Nossa Senhora, Rainha da Paz, rogai por nós!

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

A bela história do santo que brincava com os anjos


Aurimages
São Miguel Arcanjo oferece a Sagrada Comunhão a São Geraldo Majella


A familiaridade dele com São Miguel era tão grande que o Arcanjo o socorria nas horas em que ele mais precisava

Dois séculos antes de Padre Pio, no sul da Itália, outro santo, como ele, multiplicou os milagres mais improváveis, experimentou os fenômenos mais místicos, fez toda a Europa falar sobre ele e viveu desde a infância na familiaridade dos anjos, inclusive, brincando com eles. O nome desse santo é Geraldo Majella.

Geraldo nasceu em Muro, ao sul de Nápoles, em 1726. Seu pai era alfaiate e trabalhava duro para criá-lo, mas ele, mesmo na infância, já pensava apenas em Deus, invencivelmente atraído pela vida religiosa.

Como o Padre Pio, o pequeno Geraldo nunca estava sozinho e, portanto, não poderia ficar entediado porque via, conversava e brincava com seu anjo da guarda.

Inclusive, era seu anjo da guarda que fazia São Geraldo Majella pedir aos pais que o levassem a visitar os grandes santuários dedicados a Nossa Senhora nos feriados. Por ocasião de uma dessas peregrinações, o Menino Jesus, que Nossa Senhora segura em seus braços, escapou dela e correu em direção a Geraldo para brincar com ele por muito tempo…

O Arcanjo e a Comunhão

Como nos surpreender se, muito cedo, o menino experimentasse uma sede devoradora e precoce da Eucaristia? Aos sete anos, ele ousou confiar ao pároco o seu desejo de comungar e foi severamente repreendido. Na época, e por muito tempo, já que foi preciso esperar que o Papa Pio X mudasse a norma, as crianças pequenas não eram admitidas à mesa sagrada até atingirem pelo menos os 12 ou 13 anos. Para Geraldo, essa rejeição era angustiante, mas ele obedecia ao pároco, claro.

Entretanto, na noite seguinte, ele foi acordado por uma luz ofuscante que banhava seu quarto. No centro desta luz estava o Arcanjo Miguel, que oferece a São Geraldo a Sagrada Comunhão.

Esse tipo de coisa não era tão excepcional, pelo menos para os santos. Os pastorinhos de Fátima e Santa Faustina, para citar alguns exemplos, tiveram o mesmo privilégio. Assim começa uma relação muito privilegiada entre o pequeno Majella e o mundo angelical.

Vida difícil

No entanto, a vida do santo que brincava com os anjos não era tão fácil. Ele mal estava entrando na adolescência quando seu pai morreu. Teve que se virar para ganhar a vida. Ele foi colocado para trabalhar com um alfaiate, ofício do pai, com quem aprendeu o básico, mas o homem era um bruto e batia em Geraldo.

Assim que pôde, seguindo a sua vocação, candidatou-se, como faria mais tarde Padre Pio, aos capuchinhos, mas, como também aconteceu com o Padre Pio, os padres mandaram-no embora do convento, devido à sua saúde debilitada.

Geraldo não desanimou. Deus o chamaria para o seu serviço, ele sabia disso. Se não fosse com os filhos de São Francisco, seria em outro lugar. Aos 23 anos, ele se candidatou aos redentoristas, uma congregação ainda muito recente, fundada por Santo Afonso. Contra todas as probabilidades e apesar de sua saúde debilitada, os redentoristas o aceitaram.

Antes de entrar no noviciado, Geraldo, no entanto, sonhava em realizar a peregrinação que lhe era mais íntima: ir venerar São Miguel no santuário de Monte Gargano, na Puglia.

A esmola do estranho

Entusiasmado, Geraldo conseguiu convencer um grupo inteiro de meninos de sua idade a acompanhá-lo na peregrinação. Não foi pouca coisa se você considerar que São Miguel de Gargano estava afundando no esquecimento. Sem uma ideia precisa da distância que separava a cidade Muro e o Monte Gargano, os peregrinos partiram com um mínimo de comida e dinheiro. Infelizmente, o monte do Arcanjo ficava muito mais longe do que eles pensavam e as malas se esvaziaram muito rapidamente.

Eles ficaram sem nada para comer rapidamente e já estavam muito longe de casa para voltar. Além disso, Geraldo dizia a eles que, quando chegassem ao Gargano, ele fazia questão de encontrar algo para comer para todos, além de quartos para dormir. E com que dinheiro? Sorriu sem responder, confiando obstinadamente na ajuda e proteção de São Miguel e dos santos anjos. No entanto, seus companheiros eram menos otimistas do que ele…

A chegada ao Monte Gargano não os animou. As lojas raras e as pousadas tinham preços proibitivos e a possibilidade de ter que refazer a estrada no sentido contrário com o estômago vazio os aniquilava. Geraldo permaneceu desconcertantemente calmo. Enquanto seus amigos ficaram caídos, choramingando nos degraus da basílica, ele entrou sozinho, caminhou em direção à estátua do Arcanjo, ajoelhou-se diante dela e, por um longo momento, permaneceu absorto em suas orações. Quando se levantou, um jovem bonito e desconhecido aproximou-se dele e, sem dizer uma palavra, colocou uma bolsa cheia de dinheiro em sua mão. Era mais do que suficiente para pagar as despesas de viagem e estadia.

Os anjos não falharam com ele. 
Aliás, experimente! 
Eles não falham com ninguém!

Fonte: Aletéia

São Miguel Arcanjo, 
Santos Anjos da Guarda, 
Nossa Senhora Rainha dos Anjos, rogai por nós!

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Oração a São Lucas para quem vai passar por uma cirurgia

U.S. Air Force Photo/Tech | Sgt. Jason W. Edwards

O padroeiro dos médicos é conhecido por sua poderosa intercessão

Qualquer procedimento cirúrgico causa pavor, né? Isso porque não sabemos o que vai acontecer ou se a operação será bem sucedida. Aconteça o que acontecer, Deus estará conosco. Nestes momentos de medo e insegurança por causa de um problema de saúde, podemos invocar Jesus através da intercessão de São Lucas, que, segundo a tradição, era médico.

A devoção ao santo é comum entre os profissionais da Medicina e por aqueles que são submetidos a tratamentos e cirurgias.

Aqui está uma oração comum ao santo padroeiro dos cirurgiões, pedindo que os médicos sejam capazes de “curar os males do corpo e do espírito”. Reze por você e por quem estiver precisando!

São Lucas, que foste o mais santo dos médicos,
também foste encorajado pelo Espírito celestial do amor.
Ao detalhar fielmente a humanidade de Jesus, 
mostraste Sua divindade e Sua genuína compaixão 
por todos os seres humanos.
Inspira nossos médicos com seu profissionalismo 
e com a divina compaixão por seus pacientes.
Capacita-os a curar os males do corpo e do espírito, 
que afligem tantos em nossos dias.
Amém.

Fonte: Aletéia

São Lucas, rogai por nós!

domingo, 16 de outubro de 2022

Padre José Eduardo sobre campanha política: atenção a histerias e fingimentos

Pe. José Eduardo de Oliveira


"Arroubos de devoção e de indignação beata por parte daqueles que desprezam sistematicamente o sentimento religioso da população e os seus princípios morais não passam de fingimento histérico"

O pe. José Eduardo de Oliveira, que se tornou nacionalmente conhecido pela sua enfática defesa dos direitos do nascituro contra as falácias pró-aborto, se manifestou via rede social a respeito das controvérsias da atual campanha eleitoral no tocante ao uso da religião:

“Infelizmente, uma campanha política sempre envolve muitos sentimentos e, portanto, uma boa dose de histeria. O povo, muitas vezes, exagera; e os grupos querem tanto despersuadir os outros que apelam para a amplificação de episódios que são, em si mesmos, espontâneos, quando não explicitamente falsificados.

É preciso conservar a lucidez, a serenidade. Uma escolha tão séria demanda responsabilidade. O futuro que queremos precisa estar pautado sobre os valores que defendemos. Perfeição nós só teremos no céu. No mundo caído, precisaremos nos aproximar o mais possível daquilo que é honesto, verdadeiro e moral”.

O padre José Eduardo acrescentou, na sequência, a respeito da instrumentalização política do sentimento religioso:

“Arroubos de devoção e de indignação beata por parte daqueles que desprezam sistematicamente o sentimento religioso da população e os seus princípios morais não passam de fingimento histérico que denuncia um inconfessável surto de desespero”.

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora, rogai por nós!

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

60 Anos do Concílio Vaticano II: De Pio XII a Francisco


FOTOTECA ACI/CPP/CIRIC

Um professor de história no Instituto Católico de Lyon fala sobre estas últimas seis décadas, e para onde vamos a partir daqui

O 11 de Outubro de 2022 marcou o 60º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, com uma Missa celebrada pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro. Dos quase 3.000 bispos que participaram no Concílio, apenas cinco “padres do Concílio” ainda hoje estão vivos, incluindo um cardeal, o nigeriano Francis Arinze, que participou na última sessão em 1965. Bento XVI contribuiu para o Concílio Vaticano II como teólogo especialista, mas ainda não era bispo.

Enquanto o Papa Francisco se mostrou um filho espiritual de João XXIII, canonizando-o e defendendo também um aggiornamento da Igreja, o P. Daniel Moulinet, padre da Diocese de Moulins e professor de História no Instituto Católico de Lyon, explica como Pio XII estabeleceu as primeiras diretrizes para uma reforma da Igreja que os seus sucessores concretizaram desde então. Ele também revê o legado do Concílio Vaticano II, que o atual processo sinodal continua a infundir.

O Papa Francisco disse por vezes que um Concílio leva 100 anos a assimilar. Podemos dizer, contudo, que o Concílio Vaticano II, 60 anos depois, foi assimilado, ou ainda há temas a serem aprofundados?

Creio que foi plenamente assimilado em muitos pontos: a nível da liturgia, por exemplo, a questão da participação plenamente ativa e consciente dos fiéis foi assimilada pela maioria do povo cristão. O lugar da Sagrada Escritura é agora plenamente aceito. A estrutura de um sacramento, a sua celebração, já não é concebida sem a intervenção da Palavra de Deus. No passado, este não era necessariamente o caso. A Eucaristia é agora pensada como um “todo”; já não existe esta dissociação entre o que era chamado de “pré-missa” e a consagração. A Palavra de Deus tomou o seu pleno lugar.

Em termos de eclesiologia, muitos aspectos têm sido bem integrados. Em particular, temos visto o aparecimento da noção de “presbitério” em torno do bispo em cada diocese, e os padres estão muito mais conscientes disso do que costumavam estar. Mas ainda há coisas a explorar. A prática dos padres que ouvem os fiéis precisa de ser aprofundada. Alguns clérigos continuam reticentes, mas o Espírito Santo também fala através dos leigos, como nos lembra o Concílio.

Quais foram os precursores do Concílio? 
Podemos dizer que Pio XII previu a necessidade de mudança?

A nível litúrgico, o Papa Pio XII já tinha aberto o caminho para importantes mudanças na sua encíclica de 1947 Mediador Dei, que pôs em prática outra encíclica, Mystici Corporis Christi (1943). O desafio era pensar na Igreja como um corpo e aplicar esta visão à liturgia. Cada membro dos fiéis tornou-se assim membro de um corpo: já não se podia dizer que o padre celebrava a Missa e que os fiéis simplesmente assistiam, como num teatro.

Pio XII tinha também permitido a publicação de lecionários com tradução para a língua local, a partir dos anos 50. Em alguns países, como a Alemanha e a China, era possível celebrar a Missa na língua local antes do Concílio Vaticano II. Não era este o caso na França, mas para a celebração dos sacramentos, era possível utilizar a língua local, desde que a formulação sacramental enquanto tal fosse mantida em latim.

As pessoas têm a impressão de que tudo começou com o Concílio Vaticano II, mas isto não é verdade; houve muitas transformações antes. Podemos também apontar para o restabelecimento da Vigília Pascal em 1954. Sem o pontificado de Pio XII, o Concílio não teria tido o mesmo ponto de partida. Teria começado muito mais atrás. Pio XII fez avançar as coisas, e João XXIII amplificou o movimento iniciado pelo seu predecessor.

Os tradicionalistas censuram frequentemente o Concílio Vaticano II por ter contribuído para a crise de identidade que o catolicismo viveu a partir dos anos 70. 
Mas será que podemos pensar, pelo contrário, que esta crise poderia ter sido ainda mais violenta se não tivesse existido o Concílio?

Talvez sim, na medida em que o confronto com a modernidade poderia ter sido ainda mais frontal. Mas, na realidade, as coisas estavam em movimento há muito tempo. O ano 1965, o ano da conclusão do Concílio, pode ser considerado como um acelerador, mas não como um ponto de partida.

De fato, houve duas fases na recepção do Concílio. Nos anos 1965-68, as pessoas não se fizeram demasiadas perguntas; pensavam que a assimilação aconteceria naturalmente. Por exemplo, os grupos da Ação Católica trabalharam muito na Gaudium et Spes. Mas a implementação foi talvez um pouco funcionalista e redutora demais.

Por exemplo, criámos o conselho presbiteral com uma espécie de lógica “democrática”, assegurando que cada categoria de padres estivesse representada neste organismo: os padres trabalhadores, os padres professores, os capelães da Ação Católica, etc… Fizemos ajustamentos cuidadosos nas dioceses, mas esta lógica estava talvez demasiado centrada na adaptação ao modo de funcionamento da sociedade, sem ir ao âmago das coisas. Começamos com a superfície, sem uma âncora espiritual.

Perante as dificuldades e divisões que marcaram a segunda fase do seu pontificado, será que Paulo VI teve um sentimento de fracasso na implementação do Concílio Vaticano II, ou estava, pelo contrário, consciente da lentidão deste processo histórico?

Paulo VI, que era um homem muito sensível, tomou de frente esta crise da Igreja e sofreu com ela. Mas ocorreu uma mudança de direção após o Ano Santo de 1975. A organização deste Jubileu tinha despertado o ceticismo de alguns no seio da Igreja. No entanto, o sucesso deste Ano Santo mudou a situação. Estas grandes reuniões recordaram-nos a importância da religiosidade popular, enquanto que depois do Concílio, alguns clérigos a tinham desqualificado, desejando acolher apenas cristãos “conscientes”, com uma fé mais intelectual e fundamentada. A reabilitação da piedade popular foi um fruto importante deste Ano Santo, e o Papa Francisco insiste hoje frequentemente na importância de promover estas formas de devoção.

O outro legado importante do Jubileu de 1975 foi o reconhecimento da Renovação Carismática. Paulo VI, incitado pelo Cardeal Suenens, Primaz da Bélgica, deu aos carismáticos o seu lugar, reconhecendo-os como um fator de rejuvenescimento da Igreja, oferecendo um novo impulso. Os bispos franceses da época, formados pela Ação Católica, foram mais reticentes, mas acabaram por entrar em diálogo com este movimento nos anos 80. Isto permitiu-lhe estruturar-se, pondo simultaneamente fim à existência de certas comunidades mal reguladas.

O longo pontificado de João Paulo II é hoje objeto de muitas leituras críticas, algumas acusando-o de ter atrasado o Concílio, de ter bloqueado certos desenvolvimentos. 
Mas será isto uma falsa acusação? 
Pelo contrário, será que ele deu ao Concílio toda a sua importância no seu magistério?

Creio que o seu pontificado estava em plena consonância com o Concílio, do qual ele próprio tinha sido um ator importante. Por exemplo, o capítulo sobre ateísmo na Gaudium et Spes deve-lhe muito. Como Papa, manteve a linha do Concílio sobre liberdade religiosa, sobre ecumenismo, e sobre diálogo com outras religiões, perante aqueles que contestaram a posição que este tomou.

Ao nível da eclesiologia, ele não recuou; muito pelo contrário. Partilhou plenamente a posição do Concílio. Hoje, as críticas estão principalmente ligadas aos excessos da Cúria no final do seu pontificado, porque a sua saúde já não lhe permitia exercer plena autoridade. O mesmo fenômeno ocorreu no final do pontificado de Pio XII. Mas seria muito simplista apontar apenas estas dificuldades, porque se tratava essencialmente de um grande pontificado.

Qual foi a posição de João Paulo II sobre a sinodalidade?

Relativamente ao Sínodo, lançou uma iniciativa baseada numa intuição talvez insuficientemente explorada: sínodos continentais, para a África, Europa, Oceânia, etc. Talvez esta intuição não tenha tido o desenvolvimento que poderia ter tido, mas creio que poderia prefigurar a forma dos futuros Concílios.

Convocar hoje um Terceiro Concílio Vaticano parece impossível. Na altura do Concílio Vaticano II, todos os bispos foram formados no mesmo molde teológico europeu. Já não é este o caso. Hoje, com a globalização, a Europa já não é o centro do mundo. Assim, talvez estes sínodos continentais tenham mostrado o caminho para um Concílio descentralizado, com textos curtos distribuídos a partir de Roma, mas depois teria de se encontrar uma adaptação de acordo com continentes e países.

Pode o atual processo sinodal ser visto como uma forma de infundir o Concílio na vida da Igreja?

Sim, creio que sim, mas ainda precisamos descobrir a forma sinodal de trabalhar. Não é apenas uma questão de fazer um evento e depois voltar para casa. Acredito que o futuro da nossa Igreja reside no apostolado dos leigos e, portanto, na sua formação espiritual. Se queremos que todos participem na vida da Igreja, devemos dar importância a uma formação que permita a cada cristão experimentar um encontro pessoal com Cristo Jesus. É por ter tido esta experiência, com a ajuda do Espírito Santo, que cada um poderá encontrar a sensibilidade de fazer parte da Igreja e tomar o seu lugar na sua construção. O Papa tem razão em falar de “discípulos missionários”, mas isto pressupõe que sejamos antes de mais discípulos, ou seja, que ouçamos Jesus Cristo, que nos deixemos ensinar. As palavras devem ter um significado prático.

A comunidade cristã deve também ter uma verdadeira consciência comunitária e fraterna, de modo a que nos levemos uns aos outros. Cada paróquia deve também assumir a dimensão da diakonia, do serviço aos pobres, que é tão importante como a liturgia e a celebração. Uma relação pessoal com Jesus Cristo e uma relação fraterna dentro da comunidade cristã são, creio eu, pré-requisitos para que a vida sinodal mude pouco a pouco a vida da Igreja, e seja ajustada ao que o Senhor pede.

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós!

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

SANTUÁRIO NACIONAL EMITE NOTA SOBRE VISITA DO PRESIDENTE A APARECIDA, NO DIA 12 DE OUTUBRO





NOTA DE ESCLARECIMENTO FESTA DA PADROEIRA DO BRASIL

A Festa de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, organizada pelo Santuário Nacional, sob a supervisão do Arcebispo de Aparecida e dos Missionários Redentoristas, tradicionalmente é destino anual de milhares de devotos. A programação para acolher esses peregrinos é idealizada para homenagear a Virgem Maria, sempre apontando para Jesus, único redentor da humanidade.

Ao longo de todo o dia 12 de outubro, 7 missas serão celebradas na Basílica de Aparecida, tendo como ponto alto a Missa Solene das 9h. Durante o dia, ainda acontece a tradicional Consagração a Nossa Senhora Aparecida, às 15h, e a Procissão Solene, às 18h.

Nesta segunda-feira (10), o Cerimonial da Presidência da República informou que o Excelentíssimo Sr. Presidente da República, Jair Bolsonaro, pretende participar das comemorações, estando presente em uma das Missas programadas. Como nos anos anteriores, o Santuário Nacional organizará a acolhida ao Presidente nas melhores práticas que um Chefe de Estado requer, mas também buscando garantir que a rotina dos peregrinos não seja impactada pelas condições que a visita exige.

Posteriormente, chegou ao conhecimento do Santuário Nacional que também consta na agenda do Presidente a participação em um Terço que será rezado na cidade de Aparecida.

Assim, é importante reforçar que essa atividade não é organizada pelo Santuário Nacional, tampouco tem anuência do Arcebispo de Aparecida. É relevante também frisar que, embora tenha sido programada para acontecer no mesmo horário da Consagração a Nossa Senhora Aparecida, que há 65 anos tradicionalmente é rezada nesse horário, a inciativa é de um grupo independente, que não tem qualquer relação com o Santuário Nacional e sua programação oficial para este dia.

Nas melhores expectativas de que a Festa da Padroeira do Brasil seja tempo de honras a Jesus e a sua Mãe, desejamos que os devotos possam vivenciar plenamente os momentos que para eles foram planejados.

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Aparecida (SP)

Fonte: CNBB

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!

terça-feira, 11 de outubro de 2022

CNBB LAMENTA INTENSIFICAÇÃO DA EXPLORAÇÃO DA FÉ E DA RELIGIÃO PARA ANGARIAR VOTOS NO SEGUNDO TURNO



A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota, nesta terça-feira, 11 de outubro, na qual lamenta “a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno” das eleições deste ano. Os bispos recordam que a manipulação religiosa desvirtua valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que precisam ser debatidos e enfrentados no país.

Leia o pronunciamento na íntegra:


NOTA DA PRESIDÊNCIA



“Existe um tempo para cada coisa” 
(Ecl. 3,1)

Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos.

A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.

Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-presidente da CNBB

Dom Mário Antonio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

Fonte: CNBB

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!

domingo, 9 de outubro de 2022

sábado, 8 de outubro de 2022

Por que o Rosário era a oração predileta de João Paulo II?

Alessia Pierdomenico | Shutterstock


Já no início de seu pontificado, São João Paulo II fez saber a todos que o Rosário era sua oração favorita - e não parou por aí


Os papas nem sempre revelam suas preferências pessoais em público, mas São João Paulo II não teve medo de revelar suas orações prediletas.

Em um Angelus de 1978, duas semanas após sua eleição, São João Paulo II disse claramente: 

“O Rosário é minha oração predileta. 
Oração maravilhosa! 
Maravilhosa em simplicidade e profundidade.”

E não parou por aí. Na carta apostólica Rosarium Virginis Mariae, de 2002, João Paulo II também destacou que o Rosário o consolava nos bons e maus momentos:

“O Rosário acompanhou-me nos momentos de alegria e nas provações. 
A ele confiei tantas preocupações; nele encontrei sempre conforto.”

Em certo sentido, se você quer saber todas as razões pelas quais São João Paulo II amou o Rosário, basta ler a Rosarium Virginis Mariae. Ela contém um estudo aprofundado sobre essa devoção e as muitas razões pelas quais o pontífice polonês a amava.

Rosário e contemplação

São João Paulo II lista uma das principais razões pelas quais dizia que o Rosário era sua oração predileta e por que ele tanto incentivava as pessoas a rezarem-no:

“O motivo mais importante para propor com insistência a prática do Rosário reside no fato de este constituir um meio validíssimo para favorecer entre os crentes aquele compromisso de contemplação do mistério cristão que propus, na Carta apostólica Novo millennio ineunte, como verdadeira e própria pedagogia da santidade: 
«Há necessidade dum cristianismo que se destaque principalmente pela arte da oração»
Enquanto que na cultura contemporânea, mesmo entre tantas contradições, emerge uma nova exigência de espiritualidade, solicitada inclusive pela influência de outras religiões, é extremamente urgente que as nossas comunidades cristãs se tornem «autênticas escolas de oração»”.

Maria e o Rosário

Para São João Paulo II, o Rosário não só oferecia um modo de contemplar os mistérios do Evangelho, mas também era uma forma de se voltar para Maria, que ele acreditava ser um “modelo de contemplação”.

Enfim, São João Paulo II fez tudo o que pôde para promover o Rosário durante seu pontificado, compartilhando com o mundo o impacto da devoção em sua vida. Com isso, ele esperava que o Rosário, de fato, pudesse nos ajudar em nosso próprio caminho espiritual.

Fonte: Aletéia

TOTUS TUUS

Nossa Senhora do Rosário e São João Paulo II, rogai por nós!

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

A Batalha de Lepanto e o Santo Rosário


Saiba como a cristandade foi salva das mãos dos muçulmanos em Lepanto, a 7 de outubro de 1571, graças à liderança espiritual do Papa São Pio V e à intervenção prodigiosa de Nossa Senhora das Vitórias.

Eleito Papa em 1566, São Pio V teve o desejo de convocar a cristandade para um duplo combate: contra o protestantismo e contra o islamismo. Contra este último convidou os príncipes católicos a fazer uma aliança, mas todos eles, ocupados com seus problemas internos, não responderam à iniciativa. Em 1569, os otomanos souberam que o arsenal veneziano havia sido destruído pelo fogo, e que além disso toda a Península Itálica estava ameaçada pela fome devido a uma má colheita. Selim II aproveitou a ocasião para romper a trégua com Veneza e enviou um ultimato: ou eles entregavam a preciosa posse de Chipre, ou ele declararia guerra contra eles. Veneza pediu auxílio, mas não queria fazer aliança com a Espanha, nem a Espanha com Veneza, pois esta havia feito aliança com os turcos várias vezes. São Pio V interveio exortando a Espanha a enviar uma armada para proteger Malta, e para garantir a rota que levaria auxílio até a ilha de Chipre.

Filipe II aceitou e enviou seus embaixadores, diante dos quais Sua Santidade nomeou Marco Antonio Colonna, bem visto por Filipe II e por Veneza, como chefe da armada pontifícia. Sob o comando e mediação do Soberano Pontífice tiveram início as negociações entre Veneza e a Espanha, mas a desconfiança mútua e os interesses de ambas as partes influenciaram na demora dos acordos. São Pio V mediou as discussões com diplomacia e paciência heroica, e sugeriu Dom João da Áustria, irmão bastardo de Filipe II, um jovem de 24 anos, como generalíssimo dos exércitos cristãos.

Retrato de São Pio V, por Bartolomeo Passarotti.

Durante as negociações, uma peste dizimou a esquadra veneziana, e os turcos conquistaram a ilha de Chipre, após 48 dias de resistência heroica. A perda de Chipre desanimou toda a cristandade. São Pio V culpou os príncipes católicos por aquela perda, declarando que deveriam mudar suas atitudes antes que fosse tarde demais, e que só expiariam suas culpas se resolvessem se unir em defesa da cristandade.

Em março de 1571, chegaram a Roma as respostas afirmativas do rei da Espanha e do doge de Veneza. Superadas as divergências, formou-se uma aliança entre ambas as potências, com caráter defensivo e ofensivo, para agir contra o sultão e seus Estados tributários, Argel, Tunísia e Trípoli. A Liga Sancta contaria com 200 galés, 1.000 transportes, 50 mil infantes espanhóis, italianos e alemães, 4.500 de cavalaria ligeira e o número necessário de canhões.

Preparativos para a batalha. — Sua Santidade enviou à Liga um estandarte de damasco de seda azul com a imagem do Crucificado, tendo a seus pés as armas do Papa, da Espanha, de Veneza e de Dom João da Áustria. Este recebeu o estandarte das mãos do Cardeal Granvela, que lhe disse: “Toma, ditoso Príncipe, a insígnia do Verbo humanado; tem o vívido sinal da santa fé, da qual és defensor nesta missão. Ele te dará uma gloriosa vitória sobre o inimigo ímpio, e por tua mão será abatida a soberba [dele]”.

Preocupado com as notícias do avanço turco, São Pio V enviou uma carta a Dom João, exortando-o a zarpar o mais depressa possível para Messina, prometendo-lhe pouco depois, através de seu núncio Odescalchi, a vitória acima de todos os cálculos humanos. Encorajado por essas palavras, Dom João agiu rapidamente. Para preservar o caráter sagrado da missão, proibiu as mulheres a bordo, ditou a pena de morte contra os blasfemos e impôs um jejum de três dias. Nenhum dos 81 mil marinheiros e soldados ficou sem se confessar e receber a Comunhão, até mesmo os galeotes.

Em formação para a batalha. — Nos dias 16 e 17 de setembro, a frota cristã partiu do porto de Messina. A frota turca estava localizada em Lepanto, um porto localizado ao sul do estreito que une o Golfo de Patras com o Golfo de Corinto. Em 6 de outubro, o vento deteve os católicos e empurrou os otomanos para fora do estreito de Lepanto, facilitando assim o combate. No domingo, 7 de outubro, antes do amanhecer, os navios católicos levantaram âncoras e adentraram o Estreito de Lepanto. Um canhão ordenou o início da batalha e o estandarte da Liga foi hasteado no principal mastro da nau capitânia. Dom João da Áustria exclamou: “Aqui venceremos ou morremos”.

“Retrato do doge Sebastiano Veniero”, por Tintoretto.

Dom João comandou o centro, flanqueado por Colonna e Sebastiano Veniero; o catalão Luis de Requesens vinha um pouco mais atrás. A esquadra espanhola de Andrea Doria, com 60 navios, formava a ala direita em direção ao alto mar. Os 35 navios de Álvaro de Bazán, o marquês de Santa Cruz, aguardavam ordens na retaguarda para sua eventual intervenção.

Ali Paxá, o almirante otomano, também dispôs sua frota para o combate. O generalíssimo turco parecia querer atacar pelo centro e ao mesmo tempo envolver os cristãos, aproveitando-se de sua superioridade numérica de 286 navios contra 208. O vento soprava do leste, favorável aos infiéis, enquanto os católicos se aproximavam do inimigo pela força dos remos. Quando as esquadras estavam à vista, o vento diminuiu.

Na esquadra católica, Andrea Doria propôs um conselho de guerra para discutir se convinha ou não combater um inimigo numericamente superior; mas Dom João da Áustria contestou: “Não é hora de falar, mas de lutar”. Andrea Doria aconselhou então a cortar os enormes esporões das galés católicas, para ter uma linha de fogo mais poderosa.

O comandante supremo Dom João da Áustria passou em revista todas as naus, com crucifixo em mãos e exortando com ardor para a luta iminente:

Este é o dia em que a cristandade deve mostrar seu poder, para aniquilar esta seita amaldiçoada e obter uma vitória sem precedentes… Estais aqui por vontade de Deus, para castigar o furor e a maldade desses cães bárbaros; depositai vossa esperança unicamente no Deus dos exércitos, que reina e governa o universo… Recordai que combatereis pela fé; nenhum covarde ganhará o Céu.

Então ele se ajoelhou em La Real [sua embarcação] e rezou, fazendo o mesmo todos os seus homens. Em meio a um imponente silêncio, os religiosos deram a última bênção e a absolvição geral àqueles que estavam se expondo a morrer pela fé.

Enquanto isso, o inimigo cortava o silêncio com suas cornetas, blasfêmias, zombarias e imprecações, e dizia: “Esses cristãos vieram como um rebanho de ovelhas para que nós os degolemos”. A ordem de Ali Paxá era não fazer prisioneiros.

“Luis de Requesens y Zúñiga”, um dos vitoriosos de Lepanto, por Francisco Jover y Casanova.

A batalha. — Ali Paxá deu um tiro de canhão para chamar os cristãos à luta. Dom João aceitou o desafio, respondendo com outro tiro de canhão. Naquele momento, o vento mudou inesperadamente em favor dos cristãos.

Os turcos procuravam dar maior amplitude a seu movimento, para envolver um dos flancos do adversário. Doria tentava impedir a manobra, mas afastou-se muito da área designada, abrindo uma brecha perigosa entre a ala de seu comando e o centro da esquadra. O apóstata italiano Uluje Ali entrou pelo espaço vazio deixado por Doria. Com seus melhores navios, lançou-se em combate para o centro dos cristãos, e com algumas galés pesadas manteve Doria longe. Nessa manobra, as tropas de Doria quase foram aniquiladas, e a reserva do marquês de Santa Cruz não pôde socorrê-lo, pois este estava empenhado em ajudar os venezianos na ala esquerda ao longo da costa.

Ali Paxá, conhecendo pelos santos estandartes a galé de Dom João, investiu pela proa de La Real, e lançou sobre ela uma horda de janízaros selecionados. Naquele momento, o conselho dado por Doria provou sua eficácia: desembaraçado do peso representado pelo esporão, a artilharia do navio católico dizimou a tripulação de La Sultana, o navio de Ali Paxá. Em socorro desta, chegaram 7 galés turcas, que lançaram mais janízaros à luta sobre a ensanguentada ponte da nau capitã de Dom João.

Por duas vezes a horda turca penetrou no mastro principal de La Real, mas os bravos veteranos espanhóis forçaram-nos a retroceder. Os galeotes, armados com espadas, abandonavam os remos quando havia abordagens e lutavam bravamente contra os turcos. Mesmo assim, a situação estava se tornando mais perigosa: Dom João contava apenas dois barcos de reserva, sua tropa tinha sofrido muitas baixas e ele próprio estava ferido em um dos pés. Foi então que o marquês de Santa Cruz, depois de libertar os venezianos, veio em socorro de Dom João, e este foi capaz de rechaçar os janízaros.

Quando o momento era mais crítico, Ali Paxá, defendendo La Sultana de outro ataque cristão, caiu morto por um tiro de arcabuz espanhol. Eram 4 da tarde. O corpo do generalíssimo dos infiéis foi arrastado aos pés de Dom João; um soldado espanhol cortou sua cabeça, que por ordem de Dom João foi enfiada na ponta de uma lança para todos verem. Um clamor de alegria vitoriosa surgiu da nau capitã. Os turcos estavam derrotados, e o pânico rapidamente se apoderou de suas hostes desde que o estandarte de Cristo começou a flamejar na Sultana.

“A Batalha de Lepanto”, por Paolo Veronese.

As perdas dos infiéis foram enormes: 30 mil mortos, 10 mil prisioneiros, 120 galés capturadas e 50 afundadas ou incendiadas. Tomaram-se numerosas bandeiras e grande parte da artilharia. Doze mil cristãos escravizados pelos mouros ganharam a liberdade. O resto da esquadra inimiga bateu em retirada, enquanto as trombetas católicas proclamavam aos quatro ventos a vitória da Liga Sancta na maior batalha naval registrada pela história. Soube-se mais tarde que, no calor da batalha, os soldados de Maomé viram sobre os principais mastros da esquadra católica uma Senhora que os aterrorizava com seu aspecto majestoso e ameaçador.

As notícias da vitória chegam a Roma. — Enquanto isso, em Roma, o Papa jejuava e redobrava suas orações pela vitória, exortando cardeais, monges e fiéis a fazer o mesmo, confiando na eficácia do Santo Rosário. No dia 7 de outubro, enquanto trabalhava com seu tesoureiro Donato Cesi, o Papa de repente deixou seu interlocutor, abriu uma janela e entrou em êxtase; e, voltando-se para o seu tesoureiro, disse: “Ide com Deus. Agora não é hora de negócios, mas de dar graças a Jesus Cristo, pois nossa esquadra acaba de vencer”; e dirigiu-se para a sua capela.

Na noite de 21 a 22 de outubro, o Cardeal Rusticucci despertou o Papa para confirmar a visão que ele tivera. Em um pranto varonil, São Pio V repetiu as palavras do velho Simeão: “Agora, Senhor, já podes deixar o teu servo ir em paz” (Lc 2, 29). Na manhã seguinte, a feliz notícia foi proclamada na Basílica de São Pedro, após uma procissão e um solene Te Deum.

Desde então, o dia 7 de outubro foi consagrado a Nossa Senhora das Vitórias, e mais tarde ao Santo Rosário; e a invocação Auxilium Christianorum, “Auxílio dos Cristãos”, foi adicionada à Ladainha Lauretana. O senado veneziano, agradecido, fez pintar um quadro retratando a batalha, com a inscrição: “Nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário foi quem nos deu a vitória”. Gênova e outras cidades mandaram pintar a imagem da Virgem do Rosário em suas portas; e, em toda parte, na Espanha e na Itália, foram erigidas capelas em homenagem a Nossa Senhora das Vitórias.


Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!
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