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terça-feira, 31 de maio de 2022

9 maneiras de agradecer Nossa Senhora por uma graça recebida

Philippe Lissac / Godong
Crypte de la basilique Notre-Dame de la Garde, Marseille.

A 31 de Maio, o último dia do mês dedicado a Maria, a Igreja celebra a Visitação, comemorando a visita de Maria à sua prima Isabel. 
Mas ainda hoje, a Virgem continua a visitar e conceder graças àqueles que recorrem a Ela.
Quando uma graça é obtida, como podemos agradecer a Nossa Senhora?

Algumas pessoas encontram em Nossa Senhora o consolo para o sofrimento. Outras invocam-na para superar a solidão excessiva, como Charles de Foucault testemunha nos seus escritos espirituais. A Virgem Maria pode também, através da sua infinita benevolência, ajudar uma pessoa doente a superar o sofrimento e o medo da morte e a avançar sem medo para o Pai celestial.

A graça da Virgem Maria é especial porque Maria é a primeira em tudo: a primeira a ter acolhido Cristo, a primeira a ter participado na Paixão, a primeira a ter entrado na eternidade abençoada com Deus. A graça de Maria é especial por ser perfeita e primeira. Se Maria nos enche de graça, como podemos agradecer-lhe o seu amor por nós?

1. RECITANDO O MAGNIFICAT

Na Visitação, quando Maria visita a sua prima Isabel após a Anunciação, a Virgem Maria profere o cântico de ação de graças do Magnificat (Lc 1,46-55). Sobre este assunto, São Louis-Marie Grignion de Montfort: “Recitemos este Cântico, também chamado ‘Cântico de Maria’, para dar infinitos agradecimentos a ela própria que foi um exemplo perfeito de gratidão”.

A minha alma glorifica ao Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu Israel seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência
para sempre.
Glória ao Pai e ao Filho
e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre.

2. CANTOS DE LOUVOR

Há inúmeras canções para Maria compostas em todo o mundo. De “Look at the Star” a “The First on the Way” a “Crowned with Stars”, a maioria das canções marianas são alegres, reconfortantes e doces, tal como Ela. Cantá-las no carro, na cozinha ou mesmo enquanto se trabalha pode ser uma bela forma de agradecer. A canção é particularmente adequada para agradecer por Ela ser “luz na vida para todas as pessoas”.

3. USAR UMA MEDALHA DE MARIA DESATADORA DE NÓS

Para agradecer a Maria por estar presente em nossa vida, porque não usar uma medalha de Maria desatadora de nós? Os nós representam os problemas que nos parecem insolúveis, mas que a Virgem Maria desata um a um.

4. VISITAR A UM SANTUÁRIO MARIANO

Nossa Senhora de Guadalupe no México, Nossa Senhora de Lourdes em França, Nossa Senhora de Fátima em Portugal, Nossa Senhora Aparecida no Brasil… Não há um país no mundo que não tenha pelo menos um santuário dedicado à Virgem Maria. A França tem quase 3.000 deles! Alguns destes lugares de oração tornaram-se mesmo, pela força da sua influência, lugares de peregrinação que reúnem milhares de visitantes todos os anos. Para agradecer a Maria, por que não caminhar com ela, por ela e para ela?

Como o Papa João Paulo II disse em Fátima: “Há (…) alguns lugares onde as pessoas sentem a presença da sua Mãe de uma forma particularmente viva. Por vezes estes lugares irradiam a sua luz amplamente, atraindo pessoas de longe. A sua influência pode estender-se a uma diocese, a uma nação inteira, mesmo a várias nações e mesmo a vários continentes. Tais são os santuários marianos.

5 ESCREVER-LHE UMA CARTA

Encontrar palavras bonitas e escrevê-las a Maria pode ser uma bela forma de agradecer, especialmente quando é difícil rezar diretamente. Cada palavra escrita para Ela ressoará no céu e dar-lhe-á infinitos agradecimentos por todas as suas bênçãos. As cartas a Maria podem então ser depositadas em caixas de correio em alguns santuários dedicados a Maria, como é proposto em Lourdes, por exemplo. Se não for possível viajar, envie por Correio para um santuário mariano. Mas a carta também pode ser simplesmente colocada num cantinho de oração pessoal, ou mesmo debaixo do seu travesseiro.

6. CRIAR UM CANTINHO DE ORAÇÃO DEDICADO A MARIA

Se Maria está tão presente para responder aos nossos pedidos, por que não dar-lhe um lugar especial na casa? Uma pequena caixa de madeira, um ícone da Virgem, um rosário e uma estátua mariana serão suficientes para preparar um bonito canto de oração reservado à nossa mãe celestial. Este “cantinho de Maria” dará graças a ela e decorará uma sala ou uma parede na sala de estar com muita doçura.

7. RECITANDO UM OU MAIS GRANIZO MARYS

Para agradecer, a oração continua a ser um oferecimento universal e imediato. A oração mais direta a Maria, a Ave Maria, contém em si mesma tudo o que é mais perfeito para agradecer a Maria, como São Louis-Marie Grignion de Montfort explica no seu Tratado sobre a Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem:

“A Ave Maria é a mais bela de todas as orações depois do Pai Nosso; é o elogio mais perfeito que se pode fazer a Maria, pois é o elogio que o Altíssimo lhe enviou por um arcanjo para conquistar o seu coração; e foi tão poderoso no seu coração, pelos encantos secretos com que está cheio, que Maria deu o seu consentimento à Encarnação do Verbo, apesar da sua profunda humildade. 
É também por este elogio que lhe conquistará infalivelmente o coração, se a recitar como deve. (…) 
A Ave-Maria bem recitada, ou seja, com atenção, devoção e modéstia, é, segundo os santos, o inimigo do diabo, que o põe em fuga, e o martelo que o esmaga, a santificação da alma, a alegria dos anjos, a melodia dos predestinados, o cântico do Novo Testamento, a alegria de Maria e a glória da Santíssima Trindade”.

8. OFERECER UM EX-VOTO

Durante muitos séculos foi uma tradição na Igreja oferecer ex-voto como sinal de profunda gratidão por uma graça obtida. Os mais antigos datam do século XV sob a forma de pequenos objetos feitos de cera. Só no século XVI é que apareceram quadros pintados, muitas vezes em ligação com naufrágios que foram evitados. As placas de mármore pregadas nas paredes das igrejas floresceram a partir do século XIX e ao longo do século XX. Esta tradição ainda está viva em muitos santuários.

9. ESCOLHER UM NOME INSPIRADO EM MARIA

No caso de um nascimento muito desejado, e pelo qual se rezou ardentemente à Virgem, por que não dar ao seu filho(a) um nome vinculado à Mãe de Jesus? Maria, de origem hebraica e egípcia, é uma derivada do nome hebraico Miriam, que significa “gota do mar”. De acordo com outras fontes, vem do egípcio antigo “merit”, que significa “amado(a)”. Uma bela forma de prestar homenagem à Mãe de Jesus.

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora Puríssima, rogai por nós!

O SENTIDO DA COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA



Nossa Senhora, Rainha do Céu e da Terra, rogai por nós!

domingo, 29 de maio de 2022

Por que celebrar a Ascensão do Senhor?


Confessamos em um dos artigos do Credo que Jesus, quarenta dias após ressuscitar dentre os mortos, “subiu aos céus”, onde está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso. 
Mas o que isso significa, afinal? 
Qual a importância dessa verdade para a nossa fé e para uma boa compreensão do mistério da Encarnação? 
É sobre isso que nos convida a refletir neste domingo o Padre Paulo Ricardo.


Jesus, manso e humilde de coração, 
fazei nosso coração semelhante ao Vosso!

sábado, 28 de maio de 2022

Nossa Senhora há de ser auxiliadora dos cristãos na luta contra os males

Shutterstock

A intercessão de Nossa Senhora Auxiliadora certamente merece ser invocada hoje, na batalha travada contra tudo aquilo que fere o sagrado princípio da vida

Nossa Senhora Auxiliadora teve participação decisiva na expulsão dos turcos da Europa, no século XVI, quando o Papa Pio V invocou o auxílio da Virgem Maria para esse combate católico, e posteriormente na libertação do Papa Pio VII, sequestrado por Napoleão I em represália à sua excomunhão decretada pelo Sumo Pontífice. Após ficar preso por cinco anos, o Papa foi libertado, recuperando seu poder pastoral, e, para marcar seu agradecimento à Santa Mãe de Deus, criou a festa de Nossa Senhora Auxiliadora, fixando-a exatamente no dia de sua entrada triunfal em Roma, em 24 de maio de 1814.

Nossa Senhora Auxiliadora e Dom Bosco

O grande apóstolo da juventude, Dom Bosco, por sua vez, adotou a invocação a Nossa Senhora Auxiliadora para sua Congregação Salesiana, fundada em 1859, em Turim, na Itália. Defensor atuante da Igreja Católica, viveu num período de intensa luta entre o poder civil e o eclesiástico, colocando sempre Nossa Senhora Auxiliadora à frente de sua obra educacional difundida pelo mundo.

Com a ajuda de Santa Maria Domingas Mazzarello, em 1872 fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, monumento vivo de sua gratidão à Virgem e voltado para a educação da juventude feminina. Em 1875, enviou a primeira turma de missionários para a América do Sul, empreitada da qual resultou a fundação do Colégio Santa Rosa, em Niterói – RJ, primeira casa salesiana do Brasil, e do Liceu Coração de Jesus, em São Paulo. Graças à sua dedicação constante, a Congregação Religiosa Salesiana espalhou-se por diversos países da Europa e da América.

Dom Bosco faleceu em 1888, aos 72 anos, tendo sido canonizado pelo Papa Pio XI na Páscoa de 1934. Ao longo de toda a sua trajetória de luta e devoção, ensinou os membros da família Salesiana a amarem Nossa Senhora, invocando-a com o título de Auxiliadora. Sua adoração ficou tão notória que passou a ser conhecida também como a “Virgem de Dom Bosco”. Nas palavras do santo, “a festa de Maria Auxiliadora deve ser o prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos um dia no Paraíso”.

Auxílio contra o mal

A devoção a Nossa Senhora Auxiliadora sempre foi marcada por uma poderosa intervenção de Maria como auxílio aos cristãos em vários momentos de perseguição e conflitos entre o poder civil e o eclesiástico. Em termos de fundamento teológico, remonta à cena do casamento realizado em Caná da Galileia, quando a Virgem Maria, vendo a necessidade dos anfitriões, auxiliou-os dizendo ao seu Filho Jesus: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,1-14).

Apesar de vivermos em tempos distintos daqueles que marcaram as primeiras intercessões de Nossa Senhora Auxiliadora, cuja devoção foi amplamente difundida por São João Bosco, certamente sua ajuda mereceria ser invocada na batalha travada hoje contra tudo aquilo que fere o sagrado princípio da vida. Há quem diga que podemos e devemos estar unidos em favor de questões humanitárias. É verdade, porém precisamos da sabedoria divina para discernir o que é realmente humanitário. As necessidades, os conceitos e as urgências não são os mesmos.

Ajuda especial

Precisamos de Nossa Senhora Auxiliadora para continuarmos a ser uma voz profética a anunciar a Boa-Nova de Jesus e denunciar os erros existentes. Nossa Senhora há de ser auxiliadora dos cristãos na luta contra os males que se manifestam de fora para dentro do cristianismo, invertendo valores e semeando a dúvida e a incredulidade no coração dos fiéis. Trata-se de um auxílio especial para os cristãos neste período de turbulência, onde há quem pregue o esquecimento do exemplo e da Palavra de Jesus Cristo.

Nossa Senhora há de ser auxiliadora dos cristãos para que possamos vencer nossos próprios interesses internos conflitantes com a vontade de Jesus Cristo, que deseja “um só rebanho e um só pastor”.


Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós!

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Por que os católicos veneram Maria? A Bíblia responde.



O que a Bíblia realmente nos diz a respeito da piedade que os fiéis, desde os primeiros séculos, têm à Mãe de seu Salvador? 
Será que os católicos têm mesmo o respaldo das Escrituras para venerar Maria?


Este artigo é uma adaptação, mais ou menos livre e com sensíveis modificações, de um capítulo da magistral "La Madonna secondo la Fede e la Teologia", obra do teólogo italiano e frade servita Gabriel M. Roschini (1900-1977), um dos mais importantes mariólogos do século passado (cf. Gabriel M. Roschini, "La Madre de Dios según la Fe y la Teología". Trad. esp. de Eduardo Espert. 2.ª ed, Madrid: Apostolado de la Prensa, 1958, vol. 2, pp. 296-300).

Uma das muitas objeções que os protestantes costumam levantar contra o culto católico à Virgem Maria é a sua suposta falta de fundamentação bíblica. Quando não o acusam de simplesmente "idolátrico", veem-no como algo estranho à pureza primitiva da fé cristã, como imposição externa e tardia de uma época em que o cristianismo verdadeiro, pregado pelos Apóstolos, já fora substituído pelo novo "constantinismo", cuja influência paganizante se faria cada vez mais evidente, até a definição do dogma da maternidade divina no Concílio de Éfeso, em 431 d.C. Há quem chegue a afirmar, mesmo contra o testemunho eloquente das catacumbas romanas, que o culto à Mãe de Deus não é anterior ao século V e que antes desse período as imagens de Nossa Senhora, livres de qualquer vestígio de "superstição", não a retratam senão como uma personagem histórica mais, pintada sobre um pano de fundo dogmaticamente neutro.

Se é fácil desmentir, por um lado, estes últimos erros, contra os quais existem abundantes dados arqueológicos, sem contar a voz das antigas liturgias e dos Padres da Igreja, a falta de base bíblica para o culto mariano, por outro, parece ser uma dificuldade séria, ao menos à primeira vista, para os que desejam defender a legitimidade de tributar à Virgem SS. as homenagens de que Ela sempre foi digna. O problema, no entanto, é mais aparente do que real. Embora seja verdade que em nenhum lugar as SS. Escrituras nos obriguem ou recomendem explicitamente a venerar Maria, disto não se segue que o culto a Ela prestado, pelo qual os fiéis de todos os tempos sempre tiveram um especial carinho, esteja proibido. Tal silêncio se deve, antes de tudo, a que os motivos por que temos de honrá-la são mais do que óbvios.

Isso é ainda mais claro se levarmos em conta que tampouco a adoração devida a Cristo é apresentada na Bíblia como objeto de um preceito positivo. Basta-nos saber, como nela se atesta sem sombra de dúvida, que Ele é o Filho de Deus para que o culto à sua divina Pessoa surja em nosso coração de forma espontânea. Que mais era preciso ao cego de nascença para prostrar-se em adoração aos pés de Jesus do que, restituída a vista, reconhecer que Aquele que o curou era de fato o Filho do Homem (cf. Jo 9, 35-38)? Ora, se isso vale para o Filho, por que não valeria também para a Mãe? Acaso pode Aquele que nos manda honrar nossos pais (cf. Ex 20, 12) deixar Ele mesmo de honrar quem O gerou ou sentir-se incomodado de que seus súditos, em atenção a um tão grande Rei, venerem a tão pura Rainha?

Mas ainda que não as expresse de modo direto, a Escritura nos dá a entender de forma bastante clara as razões por que podemos e devemos venerar Maria SS. Em primeiro lugar, foi a própria Virgem que, numa profecia que há vários séculos se vem cumprindo à risca, predisse que todas gerações a proclamariam "bem-aventurada" (Lc 1, 48), ou seja, reconheceriam a sua excelência, o que não é outra coisa senão o núcleo de todo ato de culto. Quem quer que leia este versículo e se veja tão pouco devoto de Maria deve sentir-se, naturalmente, separado de todas essas gerações que, num movimento espontâneo de amor e confiança, imitam aqueles três símbolos vivos — o Arcanjo Gabriel, Santa Isabel e uma mulher anônima do povo — nos quais vemos representado um número incontável de fiéis. Analisemos um por um.

1. O Arcanjo Gabriel. — Na cena da Anunciação, com efeito, o evangelista Lucas nos apresenta São Gabriel como emissário de Deus (cf. Lc 1, 26) encarregado de pedir a uma virgem, cujo nome era Maria (cf. Lc 1, 27), o seu consentimento ao grande mistério da Encarnação. A solene saudação do Anjo, marcada por um acento tanto de ternura quanto de assombro, constituirá tempos depois uma das mais repetidas e queridas orações católicas: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo" (Lc 1, 28). Ouvido somente pelas quatro pequenas paredes de uma humilde casinha em Nazaré, este elogio ressoaria pelos séculos seguintes no átrio de basílicas e catedrais, no coração e nos lábios de uma multidão de almas piedosas. Ora, por que não poderíamos também nós repetir a mesma saudação com que o próprio Deus quis, por boca do Anjo, honrar a futura Mãe de seu Filho e da qual toda a corte celeste foi testemunha? Se em tudo devemos imitá-lO, por que nisto faríamos exatamente o contrário?

2. Santa Isabel."Naqueles dias", continua São Lucas, "Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel" (Lc 1, 39s), sua prima, já no sexto mês de gestação (cf. Lc 1, 36). Apenas escutou a voz de sua parenta, Isabel exclamou, cheia do Espírito Santo: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (Lc 1, 42). Aqui é a velhice que se inclina ante a juventude; uma respeitada senhora, ante uma jovem pobre e desconhecida [3], pois a singular maternidade desta supera os direitos de idade daquela: "Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?" (Lc 1, 43). Até João Batista, ainda no seio materno, manifesta com estremecimentos sua reverencial alegria pela visita do Redentor e de sua Mãe virginal. Essa extraordinária moção divina, pela qual mãe e filho se encheram de gozo e graça celestiais, nos faz compreender que as felicitações de Isabel provinham, não de seus próprios sentimentos, mas de um impulso sobrenatural do Espírito Santo, que a iluminou para reconhecer as maravilhas que se realizaram em sua prima (cf. Lc 1, 49) [4]. Por isso, diz ela ao final: "Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas" (Lc 1, 45).

3. Uma mulher anônima. — Tudo isto, porém, aconteceu na intimidade de uma casa, na discrição de um lar a que ninguém tinha acesso (cf. Lc 1, 24). O primeiro louvor público à SS. Virgem seria privilégio de uma personagem cujo nome o Evangelho passa por alto. O contexto deste episódio é significativo e se reveste de especial valor apologético. São Lucas, o único a relatá-lo com detalhe, nos situa na Judeia, não muito longe da Cidade Santa, no último ano da vida pública de Nosso Senhor, o qual acabara de exorcizar um surdo-mudo que, como nota Mateus (cf. Mt 12, 22), era também cego. Uma multidão maravilhada O rodeava; diante de mais um sinal, começaram as turbas a perguntar-se se não seria Ele o Messias. Os escribas (cf. Mc 3, 22) e fariseus (cf. Mt 12, 24) que ali se encontravam, não podendo negar o que sucedera e receosos da exaltação do povo, atribuem o ocorrido a forças diabólicas: "Ele expele demônios por Belzebu, príncipe dos demônios" (Lc 11, 16).

Com um argumento carregado de sabedoria divina (cf. Lc 11, 17-26), Jesus desfaz essa maldosa insinuação e demonstra que Ele expulsa, sim, os demônios pelo dedo de Deus. A isto levanta a voz, repleta de entusiasmo, uma mulher do meio do povo: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!" (Lc 11, 27). É o primeiro cumprimento do Magnificat e a comprovação de um princípio tão caro à mentalidade judaica: a glória das mães são os filhos (cf., por exemplo, Gn 30, 13; Pv 23, 24s; Lc 1, 58) e a glória dos filhos redunda nos pais (cf. Pv 17, 6). A resposta de Nosso Senhor — "Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam" (Lc 11, 28) —, longe de significar desprezo por sua Mãe, como às vezes podemos ser tentados a pensar, vem justamente enaltecer, numa ordem superior, aquela que o Pai fez "sede de todas as graças divinas". Ora, que Jesus não somente não se oponha a este espontâneo elogio, senão que o aprove e amplifique, é algo evidente se levarmos em consideração algumas circunstâncias desse episódio:

a) Em primeiro lugar, o fato de Cristo estar em público pregando às multidões mostra que Ele, sem se indignar de ser interrompido por aquele súbito elogio, preferiu servir-se dele como pretexto para sublinhar um outro aspecto da dignidade de Maria vinculado tanto à universalidade do Evangelho, dirigido a todos os povos, quanto ao primado da graça sobre a natureza. Ao chamar bem-aventurado a quem ouve a Palavra de Deus e a guarda, Jesus não nega a grandeza de sua Mãe, mas declara que são mais profundos e importantes os laços sobrenaturais que estabelece a graça de Deus naqueles que O ouvem e obedecem do que os que "estabelecem naturalmente os vínculos de sangue". Contrariando, assim, a tendência "etnocêntrica" típica do judaísmo de seu tempo, Nosso Senhor acrescenta ao louvor baseado na carne e no sangue a glória que provém da alma e do espírito: Maria é digna não só por ter dado ao Salvador a carne pela qual seríamos salvos, mas sobretudo por ter ouvido a Palavra de Deus e cumprido fielmente a sua vontade (cf. Mt 12, 46-50) [8]. Embora justifiquem em níveis distintos o culto devido à Virgem SS., a maternidade divina e a plenitude de graça são, nesse sentido, dois aspectos inseparáveis da dignidade quase infinita que Deus lhe conferiu.

b) Além disso, é preciso notar, de um lado, o humilde anonimato no qual se esconde essa mulher, representação viva do entusiasmo e da piedade com que tantas pessoas, desde os acontecimentos narrados no Evangelho, vêm honrando a Cristo em e por sua Mãe; as palavras dessa judia cheia de espírito de fé podem muito bem ser postas na boca de todos os que, despreocupados do que dirão os inimigos de Jesus, não se envergonham de exaltar com força e santo ardor o seio que O carregou, o colo que O acolheu, os braços que O estreitaram, os olhos que O contemplaram, o Coração Imaculado que O amou acima de tudo. Também se deve considerar, de outro lado, que a finalidade desse louvor não foi outro senão o de glorificar o Filho por meio da Mãe: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram". Ao engrandecer a Maria, com efeito, em nada diminuímos a Cristo, de quem, por quem e para quem são todas as coisas (cf. Rm 11, 36). Não há caminho mais curto para o Coração do Filho do que recorrer àquela pela qual Ele mesmo quis entrar no mundo: Ad Iesum per Mariam, já que por Maria Ele veio a nós.

Se a devoção mariana encontra tão sólido apoio no conteúdo mesmo dos Evangelhos, não deve causar surpresa nem a veneração dos primeiros cristãos à Mãe do Salvador nem o amor sempre crescente que a Igreja foi experimentado, no correr dos séculos, por aquela que deu à luz a sua mística Cabeça. Que neste Ano Jubilar de comemoração do centenário das aparições de Fátima e da invenção da imagem de Nossa Senhora Aparecida Deus Pai se digne enraizar ainda mais nos corações católicos a devoção à nossa Mãe amantíssima e, movido de misericórdia, inspire os que se encontram apartados do único rebanho de Cristo a reconhecer que é em seu Filho — fim de toda devoção genuinamente cristã — que redundam as glórias de sua Mãe.


Nossa Senhora, Mãe de Jesus, rogai por nós!

terça-feira, 24 de maio de 2022

Aparições Marianas: o que são e qual o seu papel na vida cristã?

O apóstolo São Tiago e seus discípulos prestam culto a Nossa Senhora do Pilar. 
Pintura de Francisco Goya.

Embora não façam parte do “depósito da fé”, as aparições marianas reconhecidas pela Igreja constituem um chamado sobrenatural à conversão e à santificação pessoais.


O mês de maio é tradicionalmente dedicado a uma meditação mais fervorosa sobre os mistérios da Virgem Maria e do papel que ela ocupa na Igreja como mãe e advogada dos cristãos. Romarias, orações comunitárias do Santo Terço, novenas, Missas e outras manifestações de piedade para com a Mãe de Deus costumam acontecer em vários lugares. Trata-se de um carinho todo filial que os católicos procuram ofertar à Virgem, aquela que nos trouxe a salvação, a "Mãe de meu Senhor", como diria Santa Isabel (cf. Lc 1, 43).

Maio é também o mês em que nossos olhares se voltam para a cidade de Fátima, em Portugal, onde há cem anos a Virgem Maria aparecia a três criancinhas, os videntes Francisco, Jacinta e Lúcia, pedindo-lhes que rezassem pela conversão dos pecadores e pelo triunfo de Seu Imaculado Coração. Ainda hoje, os famosos segredos de Fátima são causa de muita especulação e curiosidade dentro e fora da Igreja.

A pergunta que queremos responder hoje, no entanto, é esta: de que maneira os fiéis católicos podem prestar maiores homenagens à Virgem Santíssima, a partir de aparições como as de Fátima e tantas outras já testemunhadas na história da Igreja?

O papel e o limite das "revelações privadas"

Os eventos de Fátima, assim como as demais aparições da Virgem Maria, pertencem àquele gênero de revelações que a Igreja chama de "privadas". Na definição de alguns teólogos, essas revelações consistem em uma "manifestação visível de um ser cuja visão naquele lugar ou naquele momento é inusitada e inexplicável segundo o curso natural das coisas". Uma vez que não fazem parte do depósito da fé, nenhum católico é obrigado a aceitá-las com o obséquio da fé, embora sejamos docilmente convidados a "discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à Igreja". Como resume o Catecismo, o papel delas "não é 'aperfeiçoar' ou 'completar' a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história".

A Igreja age com salutar prudência todas as vezes que uma "revelação privada" surge.

É preciso que todos os fiéis tenham muito claras essas noções, a fim de que não caiam ingenuamente em radicalismos e falsos messianismos, como sói acontecer em muitas ocasiões. A credulidade excessiva em muitas "profecias" e "revelações" — que, aliás, nem sequer foram ainda reconhecidas pela Igreja — pode incorrer num grave pecado contra a fé, conforme o que já alertava São João: "Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo" (1 Jo 4, 1).

A Igreja age com salutar prudência todas as vezes que uma "revelação privada" surge. Essa atitude se justifica por razões teológicas e pastorais. Imaginem como seria danoso a uma comunidade descobrir, após grandes manifestações de adesão, que uma determinada "revelação" ou "mensagem celestial" não passava de charlatanismo. Ou ainda as consequências nocivas que tais "revelações" podem acarretar à obediência e à credibilidade da Igreja — especialmente por causa da grande repercussão que esses assuntos ganham pelos meios de comunicação —, quando pretendem "ultrapassar ou corrigir a Revelação de que Cristo é a plenitude".

No que precisa crer o fiel católico? Na Revelação de Deus, encerrada com a morte do último apóstolo, e transmitida pela Igreja, quer por via oral, quer por escrito. Assim se expressou o Sagrado Concílio Vaticano I:

Deve-se, pois, crer com fé divina e católica todas as coisas que estão contidas na Palavra de Deus escrita ou transmitida pela Tradição, e que, pela Igreja, quer em declaração solene, quer pelo Magistério ordinário e universal, nos são propostas a ser cridas como reveladas por Deus.

Isso significa que o objeto material da fé católica corresponde àquilo que está exposto nas Sagradas Escrituras, nos símbolos apostólicos — os doze artigos do Credo — e no ensinamento perene da Igreja. Duas são as fontes da divina Revelação: a Tradição e as Sagradas Escrituras. Ambas constituem o depósito da fé, cuja tutela e interpretação são de responsabilidade do Magistério da Igreja.

No caso dos dogmas, por sua vez, somos obrigados a acolhê-los diligentemente porque, ao contrário dos protestantes, nossa fé não se fundamenta em juízos particulares, mas no juízo dos pastores, que são assistidos pelo poder do Espírito Santo e, que, portanto, não se enganam. Conforme explica o padre Royo Marín, "isso se dá porque não podemos ter certeza de que conhecemos e acolhemos o autêntico testemunho de Deus a não ser pela luz profética (que ilumina somente aqueles que recebem diretamente a divina revelação) ou pela proposição infalível da Igreja" [5]. Essas proposições podem manifestar-se de dois modos: por uma declaração solene de um Papa ou de um Concílio — a chamada declaração ex cathedra — ou por meio do Magistério ordinário e universal — ou seja, o ensinamento comum feito pelo Papa e pelos bispos reunidos a ele daquilo que é a fé de sempre da Igreja: "quod ubique, quod semper, quod ab omnibuso que [foi crido] em todo lugar, sempre e por todos", diria São Vicente Lérins.

Com relação à Virgem Maria, quatro dogmas já foram solenemente proclamados: a Maternidade Divina, a Virgindade Perpétua, a Imaculada Conceição e a Assunção. Ao fiel católico já não é permitido questionar nenhum desses dogmas, sob pena de cair em graves heresias, porque "recusar fé a uma só doutrina da Igreja é não possuir fé" [7]. Existem, por outro lado, as piedosas opiniões, que nada mais são do que "uma verdade admitida pela Igreja desde tempo imemorial, mas ainda não declarada como revelada por Deus" [8]. É o caso da "mediação universal" de Maria e da sua "corredenção".

Como discernir as aparições marianas

A primeira aparição mariana de que se tem notícia é a de Zaragoza, Espanha, ainda nos tempos apostólicos. Os relatos dão conta de que Nossa Senhora aparecera a São Tiago para confortá-lo acerca da conversão dos espanhóis, que se mostrava muito difícil. Essa aparição deu origem ao título de Nossa Senhora do Pilar, proclamada padroeira da Espanha.

Basicamente, as aparições marianas sempre tiveram uma conotação apologética. Na maior parte de suas mensagens, a Virgem pede por uma conversão dos costumes e pela reparação às ofensas contra Seu Filho Jesus, num contexto em que algum artigo da sã doutrina cristã se encontra visivelmente ameaçado. Como citamos anteriormente, o papel das "revelações privadas", quando verdadeiras, é fazer com que o depósito da fé seja acolhido e vivido "mais plenamente, numa determinada época da história". Não se trata de uma nova revelação ou dogma, mas de um incentivo a uma vida mais coerente com o Evangelho revelado. É por isso que a Igreja também alerta para o risco daquele racionalismo crítico que faz "duvidar até das revelações privadas aprovadas pela Igreja [...], que, sem pertencer ao depósito da revelação nem ser objeto de fé divina, seria presunçoso e temerário rechaçar".

Com o decorrer dos séculos e a repercussão que esse tipo de fenômeno costuma ter, sobretudo com a participação dos meios de comunicação, a Santa Sé decidiu elencar alguns requisitos básicos para o reto discernimento das aparições, que levam em consideração aspectos positivos e negativos, "a fim de que a devoção suscitada entre os fiéis por acontecimentos deste tipo possa manifestar-se no respeito da plena comunhão com a Igreja e dar frutos, dos quais a própria Igreja possa discernir em seguida a verdadeira natureza dos acontecimentos". Ei-los aqui:

Quando a Autoridade eclesiástica for informada sobre uma presumível aparição ou revelação, será sua tarefa:

a) em primeiro lugar, julgar sobre o fato segundo critérios positivos e negativos (cf. infra, n. I);

b) em seguida, se este exame chegar a uma conclusão favorável, permitir algumas manifestações públicas de culto ou de devoção, prosseguindo na vigilância sobre elas com grande prudência (isto equivale à fórmula: «pro nunc nihil obstare»);

c) finalmente, à luz do tempo transcorrido e da experiência, com especial relação à fecundidade dos frutos espirituais gerados pela nova devoção, expressar um juízo de veritate et supernaturalitate, se o caso o exigir.

É fundamental que haja o devido respeito a essas normas para que não se crie o risco de divisão no seio da comunidade. De fato, o diabo pode muito bem aproveitar-se da inocência de alguns fiéis, como já aconteceu inúmeras vezes, inculcando-lhes falsas mensagens celestiais, que perturbam a ordem do culto a Deus. Além disso, os videntes não são pessoas infalíveis, de modo que as mensagens que eles recebem correm o risco de se confundirem com os seus próprios pensamentos. É a autoridade da Igreja que pode julgar com segurança esses fatos.

No final do século XIX e início do século XX, Maria visitou-nos com espantosa regularidade. Medalha Milagrosa, La Salette, Lourdes e Fátima constituem como que o ápice dessas visitas, cuja mensagem era uma só: reparação e conversão. Os frutos benéficos produzidos por essas mesmas aparições ainda hoje podem ser vistos e colhidos, de tal forma que os próprios Romanos Pontífices se referem a eles em suas exortações e programas de pontificado. É, portanto, muito salutar que os fiéis abram os ouvidos ao testemunho das aparições marianas, segundo o critério da Madre Igreja, com vistas para uma autêntica renovação dos costumes e um vigoroso crescimento na fé.


Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós!

segunda-feira, 23 de maio de 2022

MARIA SANTÍSSIMA, MODELO DE FÉ



Salve Maria Puríssima! 
MARIA SANTÍSSIMA, MODELO DE FÉ 

Assim como a Bem-aventurada Virgem é modelo de amor e de esperança, assim também é modelo de fé, pois que, diz Santo Irineu, aquele dano que Eva fez com a sua incredulidade, Maria o reparou com a sua fé. Com efeito, Eva, porque quis dar crédito à serpente contra aquilo que Deus tinha dito, trouxe a morte; mas a nossa Rainha, dando crédito às palavras do anjo, que ela, ficando Virgem, devia fazer-se Mãe do Senhor, trouxe ao mundo a salvação. Exatamente por causa da sua fé é chamada bem-aventurada por Santa Isabel: 

Beata quae credidisti“Bem-aventurada és tu porque creste”

Diz o Padre Soarez, que a Santíssima Virgem teve mais fé que todos os homens e todos os anjos

Via o seu Filho no presépio de Belém e cria que Ele era o Criador do mundo. 
Via-O fugir de Herodes e não deixava de crer que era o Rei dos reis. 
Via-O nascer, e O cria eterno. 
Via-O pobre e necessitado de alimento, e O cria Senhor do universo; 
deitado sobre a palha, e O cria onipotente. 
Observava que não falava e cria que era a Sabedoria infinita. 
Ouvia-O chorar e cria que era a alegria do paraíso. 
Via-O, finalmente, na morte vilipendiado e crucificado e bem que nos outros vacilasse a fé, 
Maria estava firme em crer que Ele era Deus.

Fonte: Hélio Maria (YouTube)

Nossa Senhora, modelo de Fé, rogai por nós!

domingo, 22 de maio de 2022

Princípios irrenunciáveis e política no Brasil

Shutterstock


Se nossos candidatos ou grupos políticos traem algum desses princípios, nosso dever é alertá-los e exortá-los a uma adesão mais completa e integral a todos eles – mesmo que isso signifique uma perda política

Em períodos eleitorais, nós católicos, voltamos a ouvir falar com frequência nos “princípios irrenunciáveis”, destinados a orientar nosso voto e a conduta dos eleitos. Se tantos os citam como critérios de conduta, tantos outros os olham com desconfiança, acusando aos demais de estarem usando ideologicamente a doutrina social da Igreja – sintoma das dramáticas divisões que afetam a nós católicos, em nossa dificuldade para conciliar pluralidade e unidade. O problema de fundo não está nos princípios, mas sim em seu mal uso.

Os princípios e a partidarização da experiência cristã

As questões são decorrentes, em grande parte, do interesse que os grupos partidários têm de conseguir o voto católico. Cada um procura “filtrar” a doutrina social da Igreja a partir de suas convicções, tentando mostrar seus candidatos como os únicos que se adequam aos princípios propostos pelo Magistério. Essa tendência de ideologização não é, em si mesma, um desejo de manipulação. Muitos buscam fazer esse uso partidário com a melhor das intenções, porque acreditam realmente que seu grupo é aquele que melhor representa os ideais cristãos. Outras vezes, porém, vem com interesses demagógicos, de gente que se diz seguidora de princípios cristãos para conseguir apoio, mas de fato age de forma totalmente oposta a esses princípios.

O candidato ideal, perfeito tanto na teoria quanto na prática não existe, por um motivo muito simples: todos eles são seres humanos limitados e sujeitos ao pecado – como nós mesmos, diga-se de passagem. Os partidos, enquanto agremiações que fatalmente incluem pessoas diferentes, tampouco podem ser perfeitos. A história recente mostrou os limites e as decepções trazidas pelos partidos autodenominados “democracias cristãs”, que muitas vezes usavam o cristianismo de forma falsa e demagógica.

A partir de constatações dessa natureza, o Compêndio de Doutrina Social da Igreja esclarece: “O cristão não pode encontrar um partido plenamente às exigências éticas que nascem da fé e da pertença à Igreja: a sua adesão a uma corrente política não será jamais ideológica, mas sempre crítica, a fim de que o partido e o seu projeto político sejam estimulados a realizar formas sempre mais atentas a obter o verdadeiro bem comum, inclusive os fins espirituais do homem” (CDSI 573), de tal forma que “a adesão a um partido ou corrente política seja considerada uma decisão a título pessoal, legítima ao menos nos limites dos partidos e posições não incompatíveis com a fé e os valores cristãos” e “a ninguém é permitido reivindicar exclusivamente, em favor do seu parecer, a autoridade da Igreja: os crentes devem antes procurar «esclarecer-se mutuamente num diálogo sincero, guardando a caridade mútua e tendo, antes de mais, o cuidado do bem comum” (CDSI 274).

Estas passagens do Magistério são importantes para que tenhamos a prudência e os respeito necessários para que os princípios irrenunciáveis possam servir a um diálogo frutuoso sobre os temas políticos, tanto no seio da comunidade cristã quanto com a sociedade civil em seu conjunto.

A política é a arte da negociação

Esses princípios foram muitas vezes denominados como inegociáveis. O termo pode ser usado se entendemos que eles não podem ser sacrificados em negociações que visam o poder ou outros ganhos menos fundamentais. Contudo, a política é a arte da negociação e o próprio documento que os apresenta dá exemplos de negociações que podem se tornar necessárias para defendê-los ou minimizar o efeito de leis contrárias a eles (cf. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política, 2002).

O exemplo de negociação vem justamente na questão do aborto, uma “exigência ética fundamental e irrenunciável”, no dizer do documento. Citando São João Paulo II e a sua Encíclica Evangelium Vitae (EV 73), a Nota Doutrinal explica que é possível que “um parlamentar, cuja pessoal oposição absoluta ao aborto seja clara e por todos conhecida, possa licitamente dar o próprio apoio a propostas tendentes a limitar os danos de uma tal lei e a diminuir os seus efeitos negativos no plano da cultura e da moralidade pública”. Ou seja, ele participaria de uma negociação com outros parlamentares para reduzir as situações em que o aborto é permitido.

Não seria lícito, contudo, uma negociação em que se aceitasse o aborto em troca da aprovação de uma lei que regulasse transações comerciais ou envolvesse privatizações. Nesse caso, o irrenunciável se apresenta como inegociável.

O desafio de ser integral

O maior problema para o justo entendimento desses princípios, contudo, é uma visão reduzida de sua aplicação, orientada por um falso “realismo político”. Muitos acreditam que chegar ao poder é a única forma de conseguir aquilo que almejamos. Assim, é realista sacrificar qualquer ideal para se chegar ao poder. Uns, em nome da opção pelos pobres, deixam de lutar contra o aborto. Outros, em nome da defesa da vida, fecham os olhos à situação dos mais pobres.

Quando caímos nesses reducionismos, perdemos a unidade e a coerência interna do Magistério católico, permitindo a instrumentalização da doutrina social e dando razão às dúvidas de nossos irmãos. A postura justa é aquela de sempre buscar uma visão integral e unitária de todos esses princípios, orientada ao diálogo e à construção do bem comum.

Sem fazer um elenco completo, mas procurando apenas dar exemplos, a Nota Doutrinal já citada lista cinco “princípios irrenunciáveis”: 

(1) o direito à vida, 
(2) a proteção e promoção da família, 
(3) a liberdade – em particular religiosa e de educação
(4) a economia a serviço da pessoa e 
(5) a construção da paz. 

Todos são irrenunciáveis, não podemos escolher um e esquecer outros.

Se nossos candidatos ou grupos políticos traem algum desses princípios, nosso dever é alertá-los e exortá-los a uma adesão mais completa e integral a todos eles – mesmo que isso signifique uma perda política. Podemos chegar até ao ponto de deixar de darmos nosso apoio a eles. O que não podemos é fechar os olhos quando abandonam algum desses princípios, com alegações como “o adversário faz pior” ou “temos que aceitar isso para defender aquilo”.

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós!

sábado, 21 de maio de 2022

O alerta de Maria para o Brasil


A Mãe do Senhor, sob o título de Nossa Senhora das Graças, visitou o Brasil na década de 1930, aparecendo para duas jovenzinhas num sítio no interior de Pernambuco. Uma das videntes, a Irmã Adélia, faleceu no dia 13 de outubro p.p., contudo, a mensagem a ela transmitida pela Virgem Santíssima continua atual e oportuna.

Em perfeita consonância com as suas demais aparições, a Senhora das Graças preveniu as jovens de que três castigos se abateriam sobre o Brasil e que o país seria tomado pelo comunismo. Ora, a situação da sociedade brasileira não deixa margem para dúvida de que a Senhora estava certa. O país está cada mais mergulhado no ideal socialista e no marxismo cultural.

Felizmente, além de alertar para o perigo, a Virgem Santíssima ofereceu também o remédio: oração e penitência. Portanto, que todos A obedeçam intensificando as súplicas e os atos de reparação para evitar que a chaga do comunismo se abata definitivamente nesta Terra de Santa Cruz.


Nossa Senhora, rogai por nós!

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Terço e Fátima: o que Nossa Senhora disse sobre o rosário em cada aparição

Sidney de Almeida | Shutterstock


De maio a outubro de 1917, foram 6 mensagens enfáticas: 
"Quero que rezem o terço"! 
Afinal, Terço e Fátima são inseparáveis.

Terço e Fátima são inseparáveis. De fato, a oração do Santo Rosário está no coração das mensagens que Nossa Senhora transmitiu aos três pastorinhos ao longo das suas aparições em 1917.

De maio a outubro daquele ano, afinal, foram 6 mensagens enfáticas: 

“Quero que rezem o terço“.

Veja a seguir os apelos que Nossa Senhora do Rosário de Fátima fez ao mundo por meio de São Francisco Marto, Santa Jacinta Marto e Irmã Lúcia:

Maio, dia 13

“Rezem o Terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”.

 Junho, dia 13 

“Quero que rezem o terço todos os dias”. 

Julho, dia 13

“Quero que continueis a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz para o mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer. 
Quando rezais o terço, dizei depois de cada mistério: 
Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem”. 

Agosto, dia 19

“Que continueis a rezar o terço todos os dias”

Setembro, dia 13

“Continuem a rezar o terço para alcançar o fim da guerra”. 

Outubro, dia 13

“Sou a Senhora do Rosário. 
Quero que continuem a rezar sempre o terço todos os dias”.

Terço e Fátima, portanto, são inseparáveis.

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós!

terça-feira, 17 de maio de 2022

Nossa Senhora de Fátima: mensageira da Paz e Salvação

Jeffrey Bruno



Nesta sexta-feira, dia 13, iremos celebrar 105 anos da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos. Vale lembrar que Jesus é a plena revelação, nada mais pode ser acrescentado. Mas, por sua infinita misericórdia, Deus permite que Nossa Senhora oriente seus filhos para o caminho do céu.

“Não tenhais medo, não vos faço mal. Sou do céu.”

Com estas palavras iniciais, Nossa Senhora interfere na história humana para, em um ambiente de guerra, trazer mensagens de Paz e Salvação. Já em sua saudação, repete o que seu Filho tantas vezes repetiu de forma insistente: “Não tenhais medo” (Mt 14, 27).

De todas as aparições, esta foi a que Maria mais falou e aconselhou, além de ser a aparição que mais se tem registros e escritos, isto devido também ao fato de ser recente, em 1917, e pelo fato de ter os desígnios de Deus, permitido que Lúcia vivesse tantos anos entre nós. Sua morte aconteceu no dia 13 de fevereiro de 2005, como idosa monja Carmelita enclausurada.

Fátima, céu e inferno

Em Fátima, Portugal, Maria falou do céu e do inferno como uma realidade indiscutível. Jesus já havia falado “Eu voltarei para o Pai e vos prepararei um lugar” (Jo 14, 2-3). Fala do céu à Jacinta como um sim e à Francisco como condição de seu muito rezar o terço. À Lucia, garante o céu após muitas tribulações. Fala do inferno numa prece que brota de seus próprios lábios e coração materno.

Quando hoje para muitos o céu e o inferno são tidos como uma fantasia, fruto de discursos inflamados de pregadores alienados, somos instigados por Maria, na aparição em Fátima, a buscar o céu como uma realidade dos bem-aventurados e a romper com todo e qualquer pacto com o Inimigo de Deus.

Guerras

Em Fátima, Maria fala de Paz, em particular o fim da 1ª Guerra Mundial. Mas, em um contexto atual, exorta que os conflitos e verdadeiras guerrilhas rurais, urbanas, familiares e pessoais serão pacificadas quando no coração humano pulsar os sentimentos do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria.

Nossa Senhora de Fátima prenunciou a queda dos muros que dividiam nações e nos apresenta um desafio continuo para um empenho pessoal de construir pontes em situações de abismos.

O Terço

Na última aparição em Fátima, Nossa Senhora traz o Menino Jesus e, quando se despede, insiste veementemente na recitação do terço.

O sol estremece mediante as bênçãos que são derramadas sobre o mundo por intercessão de Maria, pelo próprio Jesus Cristo Senhor Nosso.

Fico a refletir que se até o sol (astro maior) se abala diante das bênçãos de Deus, quanto mais nossas frágeis vidas e nosso mísero coração.

Nesta aparição, há algo muito importante a ser destacado: Maria não só insistiu na necessidade de rezar, mas também ensinou uma oração que posteriormente foi incorporada na recitação do terço
Disse Maria, em Fátima:

“Quereis aprender uma oração? 
Quando rezais o terço, dizei em cada mistério: 

Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, Livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. 
Amém!

Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós.

domingo, 15 de maio de 2022

4 pedidos simples e claros de Nossa Senhora em Fátima

Immaculate | Shutterstock


Um deles é uma simples e poderosa oração para rezarmos durante o terço


O pe. Gabriel Vila Verde aproveitou esta festa de Nossa Senhora de Fátima, 13 de maio de 2022, para recordar, em sua rede social, 4 pedidos simples e claros que ela nos fez em suas aparições em Portugal.

Sem mais delongas, aqui vão esses pedidos de Nossa Senhora de Fátima aos católicos:

Disse Nossa Senhora em Fátima:

1 – Rezai o Terço todos os dias.

2 – Rezai, rezai muito!

3 – E fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas.

4 – Quando rezardes o Terço, dizei depois de cada mistério: 

‘Ó meu bom Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. 
Levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem’.

Viva Nossa Senhora de Fátima!!!”

Fonte: Aletéia

Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!

A Mensagem da CNBB, as disputas ideológicas e as eleições

 MENSAGEM AO POVO BRASILEIRO

59ª. Assembleia Geral da CNBB

“A esperança não decepciona” (Rm 5,5).

Guiados pelo Espírito Santo e impulsionados pela Ressurreição do Senhor, unidos ao Papa Francisco, nós, bispos católicos, em comunhão e unidade, reunidos para a primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, de modo on-line e com a representação de diversos organismos eclesiais, dirigimos ao povo brasileiro uma mensagem de fé, esperança e corajoso compromisso com a vida e o Brasil.

Enche o nosso coração de alegria perceber a explosão de solidariedade, que tem marcado todo o País na luta pela superação do flagelo sanitário e social da COVID-19. A partilha de alimentos, bens e espaços, a assistência a pessoas solitárias e a dedicação incansável dos profissionais de saúde são apenas alguns exemplos de incontáveis ações solidárias. Gestores de saúde e agentes públicos, diante de um cenário de medo e insegurança, foram incansáveis e resilientes. O Sistema Único de Saúde-SUS mostrou sua fundamental importância e eficácia para a proteção social dos brasileiros. A consciência lúcida da necessidade dos cuidados sanitários e da vacinação em massa venceu a negação de soluções apresentadas pela ciência. Contudo, não nos esquecemos da morte de mais de 660.000 pessoas e nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, trazendo ambas em nossas preces.

Agradecemos ainda, de modo particular às famílias e outros agentes educativos, que não se descuidaram da educação das crianças, adolescentes, jovens e adultos, apesar de todas as dificuldades. Com certeza, a pandemia teria consequências ainda mais devastadoras, se não fosse a atuação das famílias, educadores e pessoas de boa vontade, espírito solidário e abnegado. A Campanha da Fraternidade 2022 nos interpela a continuar a luta pela educação integral, inclusiva e de qualidade.

A grave crise sanitária encontrou o nosso País envolto numa complexa e sistêmica crise ética, econômica, social e política, que já nos desafiava bem antes da pandemia, escancarando a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. A COVID-19, antes de ser responsável, acentuou todas essas crises, potencializando-as, especialmente na vida dos mais pobres e marginalizados.

O quadro atual é gravíssimo. O Brasil não vai bem! A fome e a insegurança alimentar são um escândalo para o País, segundo maior exportador de alimentos no mundo, já castigado pela alta taxa de desemprego e informalidade. Assistimos estarrecidos, mas não inertes, os criminosos descuidos com a Terra, nossa casa comum. Num sistema voraz de “exploração e degradação” notam-se a dilapidação dos ecossistemas, o desrespeito com os direitos dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, a perseguição e criminalização de líderes socioambientais, a precarização das ações de combate aos crimes contra o meio ambiente e projetos parlamentares desastrosos contra a casa comum.

Tudo isso desemboca numa violência latente, explícita e crescente em nossa sociedade. A crueldade das guerras, que assistimos pelos meios de comunicação, pode nos deixar anestesiados e desapercebidos do clima de tensão e violência em que vivemos no campo e nas cidades. A liberação e o avanço da mineração em terras indígenas e em outros territórios, a flexibilização da posse e do porte de armas, a legalização do jogo de azar, o feminicídio e a repulsa aos pobres, não contribuem para a civilização do amor e ferem a fraternidade universal.

Diante deste cenário esperamos que os governantes promovam grandes e urgentes mudanças, em harmonia com os poderes da República, atendo-se aos princípios e aos valores da Constituição de 1988, já tão desfigurada por meio de Projetos de Emendas Constitucionais. Não se permita a perda de direitos dos trabalhadores e dos pobres, grande maioria da população brasileira. A lógica do confronto que ameaça o estado democrático de direito e suas instituições, transforma adversários em inimigos, desmonta conquistas e direitos consolidados, fomenta o ódio nas redes sociais, deteriora o tecido social e desvia o foco dos desafios fundamentais a serem enfrentados.

Nesse contexto, iremos este ano às urnas. O cenário é de incertezas e radicalismos, mas, potencialmente carregado de esperança. Nossas escolhas para o Executivo e o Legislativo determinarão o projeto de nação que desejamos. Urge o exercício da cidadania, com consciente participação política, capaz de promover a “boa política”, como nos diz o Papa Francisco. Necessitamos de uma política salutar, que não se submeta à economia, mas seja capaz de reformar as instituições, coordená-las e dotá-las de bons procedimentos, como as conquistas da Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar 135 de 2010, que afasta do pleito eleitoral candidatos condenados em decisões colegiadas, e da Lei 9.840 de 1999, que criminaliza a compra de votos. Não existe alternativa no campo democrático fora da política com a ativa participação no processo eleitoral.

Tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje propagadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e a conquista irrevogável do voto. Tumultuar o processo político, fomentar o caos e estimular ações autoritárias não são, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro. Reiteramos nosso apoio às Instituições da República, particularmente aos servidores públicos, que se dedicam em garantir a transparência e a integridade das eleições.

Duas ameaças merecem atenção especial. A primeira é a manipulação religiosa, protagonizada tanto por alguns políticos como por alguns religiosos, que coloca em prática um projeto de poder sem afinidade com os valores do Evangelho de Jesus Cristo. A autonomia e independência do poder civil em relação ao religioso são valores adquiridos e reconhecidos pela Igreja e fazem parte do patrimônio da civilização ocidental. A segunda é a disseminação das fake news, que através da mentira e do ódio, falseia a realidade. Carregando em si o perigoso potencial de manipular consciências, elas modificam a vontade popular, afrontam a democracia e viabilizam, fraudulentamente, projetos orquestrados de poder. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e o respeito aos resultados nas eleições. A democracia brasileira, ainda em construção, não pode ser colocada em risco.

Conclamamos toda a sociedade brasileira a participar das eleições e a votar com consciência e responsabilidade, escolhendo projetos representados por candidatos e candidatas comprometidos com a defesa integral da vida, defendendo-a em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural. Que também não negligenciem os direitos humanos e sociais, e nossa casa comum onde a vida se desenvolve. Todos os cristãos somos chamados a preocuparmo-nos com a construção de um mundo melhor, por meio do diálogo e da cultura do encontro, na luta pela justiça e pela paz.

Agradecemos os muitos gestos de solidariedade de nossas comunidades, por ocasião da pandemia e dos desastres ambientais. Encorajamos as organizações e os movimentos sociais a continuarem se unindo em mutirão pela vida, especialmente por terra, teto e trabalho. Convidamos a todos, irmãos e irmãs, particularmente a juventude, a deixarem-se guiar pela esperança e pelo desejo de uma sociedade justa e fraterna. 

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, obtenha de Deus as bênçãos para todos nós.

Brasília – DF, 29 de abril de 2022.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre, RS
1º Vice-Presidente 

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima, RR
2º Vice-Presidente

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ
Secretário-Geral 

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