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Ou o dogma da Assunção se baseia "somente" em premissas teológicas?
A Igreja celebra no dia 15 de agosto a solenidade da Assunção de Nossa Senhora, uma data que comemora a sua gloriosa subida ao céu. Acontece que o dogma da Assunção só foi proclamado em 1950 e a data da celebração é relativamente nova, muito embora tenha raízes já nos primeiros séculos da história da Igreja.
Que raízes, afinal, são essas? Existe algum indício real de que Nossa Senhora foi assunta aos céus? Ou será que o dogma da Assunção se baseia “somente” em premissas teológicas?
Alguns dados importantes:
- A Assunção de Nossa Senhora já era celebrada nos primeiros séculos da Igreja, evocando a crença de que Deus a elevou em corpo e alma ao céu ao final da sua vida terrena.
- A propósito do que signifique exatamente esse “final da vida terrena”, existiu ao longo dos séculos a discussão sobre se Maria teria morrido ou sido elevada aos céus em vida.
- Diante do mistério, as igrejas orientais preferem utilizar a expressão “Dormição de Maria”: para eles, Nossa Senhora havia dormido, não morrido, e assim foi assunta sem passar pela morte.
- A Igreja, de fato, não especifica formalmente se Maria morreu do ponto de vista biológico. O dogma da Assunção, promulgado em 1º de novembro de 1950 mediante a constituição apostólica Munificentissimus Deus, do Papa Pio XII, afirma que “a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.
- O pe. José Antonio Fortea, exorcista espanhol mundialmente conhecido, afirma que esta ambiguidade na constituição apostólica é proposital: “Não foi coincidência; foi expressamente desejada. Como não havia unanimidade nesse tema e o que os dogmas expressam é a fé, optaram por deixá-lo ambíguo. A Igreja não se opôs às pessoas que disseram uma coisa nem às que disseram outra, sem chegar nunca a esclarecer o tema”.
- O Papa São João Paulo II, por exemplo, considerava que Nossa Senhora morreu, sim, antes de ser assunta. Na catequese de 25 de junho de 1997, ele afirmou: “[O Papa Pio XII] não quis negar o fato da morte; apenas não julgou oportuno afirmar solenemente a morte da Mãe de Deus, como verdade que devesse ser admitida por todos os crentes. Refletindo sobre o destino de Maria e sobre a sua relação com o Filho divino, parece legítimo responder afirmativamente: dado que Cristo morreu, seria difícil afirmar o contrário no que concerne à Mãe”.
- O Catecismo da Igreja Católica, em seu número 966, reforça o que é essencial a respeito da Assunção: “A Assunção da Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do seu Filho e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos”.
- Entendida a essência do dogma, não deixa de ser interessante compreender o seu nascimento. De acordo com São João Damasceno, o imperador romano Marciano solicitou, durante o Concílio de Calcedônia, no ano 451, que fosse buscado o corpo de Maria, Mãe de Deus. No entanto, o bispo de Jerusalém, São Juvenal, explicou que “Maria morreu na presença de todos os apóstolos, mas o seu túmulo, quando aberto a pedido de São Tomé, foi encontrado vazio; os apóstolos assim concluíram que o corpo tinha sido levado ao céu”.
- A crença na Assunção de Maria se tornou uma tradição cada vez mais estendida, bem como matéria de frequente meditação nos escritos dos santos ao longo dos séculos. Cabe ressaltar, a propósito, o uso consagrado da voz passiva: Maria não ascendeu ao céu como Jesus, que o fez pelo próprio poder, mas sim foi assunta, enfatizando-se que ela foi elevada ao céu pelo poder de Deus.
- Somente depois do transcurso de mais de mil e novecentos anos desde o tempo dos apóstolos é que a Igreja considerou que havia suficiente embasamento para que o dogma da Assunção pudesse finalmente ser decretado. A declaração do Papa Pio XII em 1950 é enfática:
“Com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos São Pedro e São Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que:
a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.
O decreto foi aprovado de antemão pelas dioceses do mundo inteiro e se baseia no exame de séculos de pensamento cristão e escritos de santos que dão um testemunho praticamente universal da Assunção.
Fonte: Aletéia
Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!
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