Reprodução
Se no mundo das ideias o aborto traz a impressão de significar a liberdade da mulher, na vida real ele é muitas vezes um fator de perpetuação de abuso sexual
Quando se fala da
luta contra o aborto, costuma-se pensar que se trata de uma batalha
unicamente em favor daquela vida que não terá a oportunidade de nascer.
Às vezes, alimenta-se a impressão de que a luta pelos direitos das
mulheres se opõe à luta pela vida do nascituro. Mas é preciso sempre
recordar que a luta contra o aborto é também uma luta em favor da
mulher.
Tido pelos defensores da prática como um ato de liberdade da mulher,
que teria o direito de decidir pela interrupção da gravidez, o aborto
está longe de ser uma opção para a resolução de problemas como a
gravidez indesejada, a falta de condições para criar um filho ou o
estupro. “Fala-se muito da liberdade da mulher, mas na sociedade ainda
muito machista em que vivemos, na maioria das vezes quem decide pelo
aborto é o homem”, explica Lenise Garcia, professora do Instituto de
Biologia da Universidade de Brasília (UnB) e presidente do Movimento
Nacional de Cidadania pela Vida Brasil Sem Aborto.
Segundo Lenise, chegam às casas de apoio a gestantes inúmeros casos
em que a mulher conta que foi pressionada pelo marido, pelo namorado e
até pelo chefe ou algum familiar. Isso inclui os casos de gravidez
resultante de estupro. “Quando se fala em aborto em caso de estupro,
muitas vezes se pensa em uma pessoa que foi pega na rua, em um terreno
baldio, por um desconhecido. Isso é raríssimo. Pergunte nos hospitais
que realizam o aborto nesses casos: tratam-se, na maioria das vezes, de
meninas de menos de 14 anos, quando toda relação sexual é considerada
estupro”, afirma Lenise.
“Onde aconteceu esse estupro? Na casa da menina, pelo padrasto, pelo
irmão ou pelo pai. Ele mesmo vai levar a menina ao hospital, como
responsável por ela, vai mandar fazer um aborto e vai levá-la de volta
para casa e continuar abusando dela. Quem foi beneficiado nessa
situação?”, questiona a professora. “O bebê não foi. A menina, que além
da violação, agora tem sobre si a outra violência do aborto, não foi. O
beneficiado é o abusador, que sai ileso, sem ninguém saber o que
aconteceu”.
Lenise esclarece ainda que “o fato de o Código Penal não penalizar a
pessoa que fez o aborto em uma situação extrema dessas não significa que
o aborto deva ser apresentado como a única solução para essa pessoa”.
“Eu posso defender essa vida sem demandar mudanças na legislação. São
duas coisas diferentes”, diz.
Para a obstetra Bruna Driessen, nos casos de aborto em decorrência de
estupro, é de cuidado e apoio que a mulher precisa. É necessária uma
resposta da sociedade em relação à segurança pública e à violência
doméstica, dando-lhe a garantia de que, no caso de o agressor estar
dentro de casa, ela será protegida. “Precisa existir uma rede de apoio
formada por familiares, equipe de saúde, segurança, para que ela possa
levar adiante a gestação e se achar por bem, entregar a criança à
adoção, por exemplo”.
“Uma pessoa que engravida de uma violência sexual evidentemente
precisa de apoio, acolhimento e de uma solução para o trauma que está
vivendo. O aborto não resolve o seu problema”, complementa Lenise. “Pelo
contrário, a criança sendo gestada acaba protegendo a mãe adolescente,
porque evidencia a relação abusiva que está acontecendo e demanda
providências da família em relação à criança e à adolescente violada”.
Bruna lembra ainda que o aborto requer um procedimento médico e que
procedimentos como esses trazem riscos. “Em um aborto espontâneo já é
preciso fazer uma curetagem e o uso de medicamentos. Que dirá em um
aborto provocado onde há ainda outra carga de alterações no organismo”,
comenta. Para ela, lutar contra o aborto é lutar em favor da mulher, já
que o aborto é uma ação invasiva, que pode promover dilacerações no
útero, infecções e até mesmo colocar em risco a saúde reprodutiva da
mulher.
(via Sempre Família)
Fonte: Aletéia
Nossa Senhora, Mãe de Deus, rogai por nós!
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