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domingo, 10 de abril de 2011

Padre faz campanha contra uso de roupas escandalosas em Igreja!

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Por Mônica Bergamo (Folha de São Paulo)

O padre Michelino Roberto, da igreja Nossa Senhora do Brasil, na avenida Brasil, uma das mais requintadas de São Paulo, está em uma feroz campanha pelos bons modos de seus fiéis. Ele está incomodado com pessoas que vão de bermuda e chinelo às missas, falam ao celular e, nos casamentos, exibem busto e costas em decotes exuberantes.

“Estou, sim, numa campanha, tentando formar a consciência dos fiéis para se vestirem bem, de forma adequada a uma cerimônia sagrada. Já me senti constrangido de ver no altar pessoas usando decotes excessivamente ousados”, diz ele.

Nos casamentos, o negócio “pega pesado”, segundo o religioso. “Porque aí entra a ditadura da moda, a ditadura da malhação, em que a pessoa, para valer alguma coisa, tem que ter um corpo vistoso. A gente impôs algumas regras e temos pedido aos noivos que conversem com seus padrinhos e convidados para virem vestidos de forma que respeite a virtude do pudor”, diz o padre à repórter Thais Bilenky.

No Vaticano, lembra Michelino, seguranças impedem que pessoas vestidas com regatas ou bermudas entrem nos templos. “O brasileiro já é, culturalmente, mais desleixado. Ele vê a igreja como uma extensão da casa dele, cê tá entendendo? Ele tem um tal nível de familiaridade que acaba vindo de uma forma inadequada.”

Há alguns dias, Michelino estava organizando um evento no Jockey Club de SP e um de seus funcionários foi impedido de entrar no restaurante local porque estava de bermuda. “Caiu a ficha! Eu estava pegando leve na igreja”, lembra o padre.

Muitos fiéis têm ido às missas de sábado e de domingo de bermuda, chinelo de dedo e camiseta. “Você percebe que o cara depois vai para o clube numa boa”. A paróquia fica no Jardim Paulista, perto dos clubes Pinheiros, Paulistano e Harmonia. “Olha, o verão tá chegando. Cuidado com o modo como você vem vestido [à igreja]“, repete o pároco durante as celebrações.

O padre até convidou a consultora Élide Helzel para escrever no “Guia de Noivos 2011″ da paróquia. “Um colo menos descoberto, uma manguinha, um bolero não tiram de forma alguma a graça do modelo e a beleza da noiva e das madrinhas. Ao contrário, vão revesti-las de um certo ar de mistério que até aumenta seu encanto”, escreve Élide.

Agora, pede-se às mulheres que aderem a cortes mais ousados que se cubram com echarpes.

Para as desprevenidas, a igreja reserva um cabide com xales, de todas as cores e tons, para que não falte um que combine com seus vestidos. Gabriela Mendonça, 24, chegou ao casamento de Daniele Fiumari no sábado, 19 de março, usando um tomara que caia azul. Foi interceptada pela cerimonialista Carolina Soares, que a levou à sala de espera dos padrinhos e lhe apresentou ao cabide.

“É chato, né? Eu não sabia que precisava [de echarpe]“, reclama a madrinha. A prima da noiva, Natália Fiumari, 22, se certifica de que Gabriela achou uma echarpe e tranquiliza sua mãe. “Mas esse padre é um chato. Ele implica com tudo, com o decote, com os ombros, com as costas!”, desabafa Natália.

Carolina é filha de Bráz Geraldo Soares, 57, cerimonialista da Nossa Senhora do Brasil há 37 anos. Para ele, “a fase mais crítica, graças a Deus, já passou”. “Para você ver como estamos melhor, hoje [sábado], foram seis casamentos e só dois casos [de madrinhas que precisaram de echarpes].” Sua filha fica na entrada identificando os vestidos “críticos”. “Algumas [mulheres] estão completamente fora do padrão.”

Élide, a consultora de noivas, afirma que é possível ser “sensual” sem ser “vulgar”. “Não sou nenhuma puritana, mas se você está num ambiente religioso, não custa se cobrir um pouco mais.” Ela sugere modelos com alças e/ou caudas removíveis, para “a noiva se mostrar mais comportada na igreja do que na festa”.

As primeiras reclamações partiram de fiéis que relataram seu incômodo aos padres. Lucy Di Cunto, 70, acha um “absurdo”: “Vi uma moça com vestido de alça, as costas todas à mostra e o peito de fora. Outra estava de tomara que caia e legging. Não sei o que está acontecendo”. Ela frequenta as missas de domingo. “Viajo o mundo e não é assim. O padre está coberto de razão.”

Rosemeire Slavim e o marido, o nova-iorquino Eoin Slavim, 52, também concordam com o padre Michelino. “É como ele falou outro dia: parece que as pessoas estão indo à praia. Em NY, elas se arrumam para ir à missa”, compara Rosemeire.

A fiel Wanda Arroyo Lima, 84, lembra que “antigamente, o padre da minha cidade [Monte Azul Paulista] mandava quem estava vestido inadequadamente se retirar da igreja. Simplesmente não permitia. A igreja é a casa de Deus”.

A paróquia Nossa Senhora do Brasil é palco de casamentos famosos, como os do conde Chiquinho Scarpa e Carola Oliveira e o do piloto de F-1 Felipe Massa e Raffaela Bassi. As cerimônias no templo custam, em média, R$ 20 mil, mais R$ 2.500 para reserva da data, feita com antecedência de pelo menos dois anos.

“Quando cheguei aqui, há quase quatro anos, me incomodava muito essa imagem comercial que existia da igreja, dos casamentos glamourosos”, afirma o padre Michelino Roberto. “Falei: “Um ponto que precisa ser trabalhado é que [aqui] deixe de ser a paróquia casamenteira e passe a ser a paróquia promotora da família”.”




Nossa Senhora Modestíssima, rogai por nós e pelos nossos sacerdotes!

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Que Deus os abençõe.
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